Atenção, pais: greve do pessoal não-docente ameaça fechar escolas esta sexta-feira
Há diversas escolas no país que amanhã poderão encerrar portas, devido à greve do pessoal não-docente – assistentes operacionais, técnicos superiores e assistentes técnicos, garantiu esta quinta-feira o ‘Diário de Notícias’. Esta é a segunda semana de greve, que já obrigou ao fecho de várias escolas nacionais na passada sexta-feira, e que se volta a repetir no próximo dia 4, igualmente uma sexta-feira.
O protesto foi convocado pelo Sindicato Independente dos Trabalhadores de Organismos Públicos e Apoio Social (SITOPAS), que reivindica aumentos salariais, a redução da idade da reforma, exclusividade de funções e inscrição na Caixa Geral de Aposentações para todos, de acordo com o presidente da estrutura sindical, Jaime Santos.
“Estes trabalhadores que prestam serviço ao Ministério da Educação (ME) estão a ser desvalorizados pelos municípios e pelo ME. São funcionários essenciais nos agrupamentos de escolas, que fazem tudo e mais alguma coisa – até de psicólogos – e não têm uma carreira específica. Não tem havido vontade política dos sucessivos Governos para melhorar as suas condições”, justificou.
De acordo com Jaime Santos, há cerca de 400 mil assistentes operacionais (AO) e assistentes técnicos (serviços administrativos), que não são valorizados. “Foram enviados para as autarquias e os municípios que discriminam estes trabalhadores em relação aos que já estavam nos municípios. As câmaras têm a maior parte deles como precários, a recibos verdes ou com contratos a termos certo. A maior parte recebe o salário mínimo”, esclareceu.
Para Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), a possibilidade de encerramento de escolas, “principalmente de 1º ciclo”, é real e os pais devem estar de sobreaviso. “As greves do pessoal não-docente causam constrangimentos nas escolas, sobretudo ao nível do 1º ciclo, onde já há pouco pessoal não-docente. E, por vezes, faltando uma ou duas pessoas, a escola já não pode abrir. Do 5º ano em diante, as escolas podem fechar alguns setores mantendo outros abertos”, explicou, salientando que no próximo dia 4 deverá haver uma grande adesão, porque “os delegados sindicais estão a ir às escolas a anunciar esta greve e falar com funcionários”.
“Não faço juízo sobre os pedidos de greve de quem quer que seja, só temos de estar ao lado deles. Os AO são mal pagos e são cada vez menos”, apontou ao jornal diário Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE). “Atendendo ao perfil dos alunos que temos hoje em dia, é cada vez mais difícil o trabalho que fazem e precisamos deles nas escolas. Só tenho de ser solidário com as pessoas que lutam pelos seus direitos desde que o façam de forma justa. Há pessoas com 20 anos de serviço a ganhar o mesmo que alguém que começa agora.”