Unidade secreta russa ameaça rede submarina de cabos que alimenta Internet no Ocidente: conheça o GUGI

A ameaça da Rússia aos cabos submarinos que fornecem Internet ao Ocidente fez aumentar a vigilância de uma unidade especializada em sabotagem submarina, conforme explicou um responsável da NATO à publicação ‘Business Insider’: a aliança militar estava a intensificar as medidas para proteger os cabos após um relatório que destacou estarem a ser alvo da Direção Principal do Estado-Maior da Rússia para a Investigação em Mar Profundo.

“Desde o início da guerra da Rússia na Ucrânia, as ameaças às infraestruturas submarinas, incluindo oleodutos e gasodutos, bem como cabos de dados, aumentaram”, referiu o responsável. “Os aliados há muito que alertam para o risco que os navios espiões russos e as embarcações de sabotagem que patrulham as rotas de cabos submarinos podem representar para as infraestruturas subaquáticas críticas.”

Duas autoridades americanas, citadas pela ‘CNN’, alertaram que Moscovo tinha destacado esta unidade submarina secreta, conhecida pela sigla russa GUGI, com o objetivo de vigiar e potencialmente destruir os cabos submarinos que fornecem Internet ao Ocidente – os cabos percorrem milhares de quilómetros no Atlântico, que transportam tudo: desde comunicações a dados financeiros.

Segundo os analistas, os cabos que se estendem desprotegidos por milhares de quilómetros debaixo de água estão expostos a ataques e desativação por parte da Rússia: os cabos, que transportavam dados de telegramas durante a I Guerra Mundial, são há muito vistos como alvos militares. No entanto, conforme o mundo ficou mais dependente da Internet, o potencial de perturbação de uma sabotagem tornou-se maior. E com as relações entre o Kremlin e o Ocidente a deteriorarem-se na sequência da invasão da Ucrânia, Moscovo já sinalizou que os cabos são um alvo legítimo.

A ameaça não está inativa com o GUGI, formado especificamente para a subversão na Guerra Fria, supostamente a preparar as suas operações. Segundo Sidharth Kaushal, analista do think tank ‘Rusi’ de Londres, os principais objetivos da unidade eram “vigilância, espionagem e sabotagem”, e operava não como parte da Marinha, mas sob o comando direto do Ministério da Defesa russo por causa da sensibilidade das suas missões.

A unidade tem ao dispor uma pequena frota de submarinos especializados em águas profundas, capazes de operar a uma profundidade de cerca de 2.500 metros, e um navio de vigilância, o ‘Yantar’, que foi avistado perto de cabos sensíveis ao largo da costa do Reino Unido em 2019.

O GUGI parece ser uma unidade de elite e difícil de aderir: os candidatos da era soviética precisavam de ser oficiais e ter pelo menos cinco anos de experiência no serviço submarino. Recebem “salários consideráveis” porque a organização trata os seus “salários efetivos como um bónus de destacamento relacionado com o tempo que passam em profundidades extremas”, referiu Kaushal. “Como resultado, em 2012, o pessoal da GUGI ganhava 600 mil rublos”, ou cerca de 20 mil dólares, por mês.

Já existem provas de que as unidades russas podem ter adulterado cabos submarinos, com os especialistas a dizerem que as unidades russas provavelmente desempenharam um papel no desaparecimento de quilómetros de cabos perto de Lofoten, na costa da Noruega, em 2021.

Segundo o especialista, se eclodir um conflito direto entre a Rússia e a NATO, o GUGI irá provavelmente tentar primeiro cortar os cabos militares, especificamente aqueles que permitem o rastreio de submarinos militares russos. Mas também pode ameaçar os cabos dos quais dependem as comunicações civis como um “meio útil de coerção calibrada”.

Num relatório recente, os peritos apelaram aos países para que intensificassem os esforços para salvaguardar a infraestrutura, alertando que “sem esforços internacionais coordenados para salvaguardar estes cabos, os riscos de perturbação, espionagem e instabilidade económica continuarão a crescer”.

O responsável da NATO disse que a aliança “intensificou as patrulhas navais perto da infraestrutura submarina” e disse que “o Conselho do Atlântico Norte da NATO declarou claramente que qualquer ataque deliberado contra a infraestrutura crítica dos Aliados será recebido com uma resposta unida e determinada”.

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