Portugal é o país mais afetado pela nova estratégia de redução da dívida do BCE

Após uma década de forte compra de dívida pública e privada na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) alterou a sua estratégia para combater a inflação, travando a fundo nas suas aquisições. Entre julho de 2022 e julho de 2024, o BCE reduziu significativamente a dívida no seu balanço, com Portugal a liderar essa redução.

A diminuição da dívida que o BCE detém resulta de dois programas: o de compra de ativos (APP) e o programa de emergência pandémica (PEPP). No caso do APP, o BCE deixou de reinvestir os montantes dos títulos que atingem maturidade, enquanto no PEPP a redução tem sido de 7,5 mil milhões de euros por mês. A previsão é de que os reinvestimentos terminem no final de 2024, segundo o Conselho do BCE.

De acordo com a Oxford Economics, que analisou dados da Haver Analytics, Portugal tem sido o país mais afetado por esta mudança, revela o ‘Negócios’. No entanto, Daniel Kral, economista da Oxford Economics, destaca que a redução é relativamente pequena, representando 3,2% do PIB do país, comparado com 2,8% na Alemanha e 2,7% em Itália.

O BCE continua a deter cerca de 30% da dívida portuguesa, uma ligeira descida em relação ao pico de 32% no final de 2022. Esta escassez de dívida pública portuguesa em relação ao PIB deve-se também ao aumento de capital nos cofres do Estado, proveniente dos certificados de aforro.

Miguel Martín, presidente do IGCP, referiu que Portugal tem beneficiado da sua classificação de rating A, o que tem atraído novos investidores, como fundos soberanos e de pensões.