Enfermeiros e médicos com greve marcadas para os mesmos dias pela primeira vez: hospitais podem ter de fechar serviços

Enfermeiros e médicos vão cumprir períodos de greve já na próxima semana, e nos mesmos dias, 24 e 25, o que vai colocar as instalações hospitalares sobre pressão extra, que podem mesmo ter de fechar serviços. De acordo com a edição desta terça-feira do ‘Diário de Notícias’, é a primeira vez, em 45 anos do SNS (Serviço Nacional de Saúde) que as greves das duas classes profissionais coincidem.

Os sindicatos mais representativos têm acusado Ana Paula Martins, ministra da Saúde, não de ouvir os profissionais, a quem acusaram de conduzir “negociações de fachada”. Como tal, o regresso à greve foi a única solução, marcadas para os mesmos dias, uma situação que só tinha sido vista em dias de greves gerais da Administração Pública, o que vai conduzir a grandes constrangimentos nas unidades de saúde – há serviços “que terão de adiar consultas e cirurgias e alguns fiquem com a atividade afetada a 100%”, ainda que os “serviços mínimos estejam garantidos”.

Tanto Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, e Guadalupe Simões, dirigente nacional do SEP, garantiram tratar-se de uma coincidência, mas que vem reforçar a necessidade “de mudanças” nas negociações com o Governo. A responsável da FNAM salientou “que os médicos foram obrigados a ir para esta greve pela atitude do novo ministério”, pedindo ao Governo “uma ministra que substitua a negociação de fachada por uma negociação séria, com soluções apresentadas pelos profissionais, para resolver as dificuldades com que o SNS se debate diariamente”.

A plataforma que reúne cinco sindicatos de enfermeiros recusou, no passado dia 12, a contraproposta de valorização salarial apresentada pelo Governo, mantendo a reivindicação de aumento de duas posições remuneratórias para todos os profissionais de enfermagem.

“Nenhuma das cinco estruturas [que junta o SEP (Sindicato dos Enfermeiros Portugueses), o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), o Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE), o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem (SIPENF) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR)] que estão aqui representadas sente-se completamente satisfeita com aquilo que foi apresentado” na reunião negocial que decorreu com o Ministério da Saúde, adiantou o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), Pedro Costa.

“O que nós propusemos era duas posições remuneratórias da tabela da carreira de enfermagem divididas em três anos. O que nos está a ser proposto agora é uma posição remuneratória e meia em três anos. Não aceitamos isso”, referiu o dirigente sindical do SEP, que tem agendada uma greve para 24 e 25 de setembro e uma concentração para 25.

Também a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) tem um protesto marcado para os mesmo dias, sendo que no primeiro vai decorrer uma manifestação diante do Ministério da Saúde, que acusa de ter agravado “o caos instalado” no SNS.

“O Ministério da Saúde agravou o caos instalado no Serviço Nacional de Saúde e empurra assim os médicos para dois dias de greve nacional”, referiu o comunicado da FNAM. O protesto foi convocado “face à total ausência de soluções por parte do Ministério da Saúde de Ana Paula Martins para a melhoria das suas condições de trabalho”. “Continuamos pressionados a fazer horas suplementares para além dos limites legais anuais, com equipas reduzidas e com irregularidades no respetivo pagamento, tendo em conta a confusão na aplicação da nova legislação pelas instituições. Por outro lado, assiste-se ao atraso e atropelos nos concursos na contratação de novos médicos no SNS”, argumentou a FNAM.

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