“Daqui por cinco anos seja tão fácil carregar um EV como é hoje abastecer numa bomba”: Governo quer simplificar rede de carregamento de carros elétricos
O Governo vai rever, de forma profunda, o Regulamento da Mobilidade Elétrica em Portugal: as novas regras, garante esta segunda-feira o ‘Jornal de Negócios’, serão conhecidas até ao final de novembro. “O modelo atual é demasiado complexo e envolve muitos intervenientes. Há que simplificar os processos e abrir o mercado”, refere a secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias. “Vamos legislar para que esta abertura seja suave, controlada, por forma a garantir a acessibilidade à mobilidade elétrica a todos os portugueses.”
“Gostaria muito que daqui por cinco anos fosse tão fácil carregar um veículo elétrico como é hoje abastecer numa bomba de combustível”, sustenta a responsável do Governo, prometendo maior simplicidade na altura do carregamento. “Hoje é preciso obrigatoriamente ter um contrato com um comercializador de eletricidade para a mobilidade elétrica. A nossa ideia é simplificar e democratizar este processo”, avança. “Não temos muito tempo, se queremos cumprir as metas. Estamos a trabalhar e eu diria que até ao final de novembro vamos ter novidades.”
O Governo, conforme tomou posse, tinha à sua disposição a análise da Autoridade da Concorrência ao mercado nacional da mobilidade elétrica, assim como as respetivas recomendações para um novo regulamento – o Executivo pediu depois o “contributo das restantes partes interessadas”: operadores de postos de carregamento, comercializadores de eletricidade e utilizadores de veículos elétricos.
Um dos pontos mais importantes das alterações do Governo prende-se com os postos de carregamento. “Há concessões atribuídas e o Estado respeita a lei. Se o contrato está em vigor, vai continuar a ser cumprido. Mas um dos alertas que vamos ter de colocar na nova legislação é ter cuidado com estes contratos a 15 e a 20 anos, sem impedir, ainda assim, que os investidores tenham garantia de retorno”, salienta Cristina Pinto Dias, que considera a insegurança do carregamento “o aspeto mais crítico na mobilidade elétrica em Portugal”.
Os preços da energia elétrica, definidos todos os anos pela ERSE, vão receber o contributo do Ministério do Ambiente e Energia. “Os utilizadores têm de saber o que pagam e porque pagam. E não apenas um valor global que não sabem ao que equivale. É preciso mais transparência”, sublinha, defendendo que “o Governo está atento. Estamos sempre a falar do bolso dos contribuintes, que é muito pequenino”.