Sangue, restos de tecidos humanos ou cola: cirurgias adiadas no Garcia de Orta devido a dispositivos médicos sem condições

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, foi obrigado a adiar cirurgias consideradas prioritárias devido ao facto de haver dispositivos médicos contaminados e, como tal, considerado inutilizáveis, revela esta segunda-feira o ‘Correio da Manhã’.

Manchas de sangue, restos de tecidos humanos (como tendões) e até cola para o isolamento cirúrgico: os médicos da unidade hospitalar chegaram mesmo a fotografar os instrumentos cirúrgicos sem condições.

Um dos afetados foi Vítor Loureiro, residente na Baixa da Banheira, em Moita: vítima de um aneurisma, foi um dos doentes que viu a sua cirurgia adiada em maio último. “Os kits estavam todos infetados. Cheios de sangue, todos sujos”, referiu o senhor, cujo relatório clínico indica que a operação foi adiada por “uma situação crítica de contaminação dos ferros cirúrgicos”.

João Gomes, de Alcochete, confirmou que, após ter sofrido um AVC, a operação à carótida foi adiada. “Cirurgia não efetuada por constrangimentos técnicos no bloco operatório”, refere o relatório. No entanto, João Gomes salientou que lhe foi dito que “até ferros para a cirurgia faltavam”.

A administração do Garcia de Orta admite que em maio “não se realizaram cinco cirurgias por incidentes com dispositivos médicos não conformes”. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, avançou ontem que está “a acompanhar o assunto e que o conselho de administração do Hospital Garcia de Orta está a analisar o que possa eventualmente ter falhado no sistema de esterilização, o que preocupa todos e será corrigido”.

Já a empresa de esterilização SECH explicou que se tratam de “manchas de oxidação, designadas de ‘pitting’, que é um tipo de corrosão localizada e que pode ocorrer em dispositivos médicos em ligas metálicas, especialmente os mais antigos e que são submetidos a utilização frequente”.

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