O que esperar da Covid-19 nos próximos meses? Especialistas preveem o que pode chegar após o verão

Estamos já a chegar ao final do verão, o que significa que a partir de agora será muito mais provável ir a qualquer lado e não ouvir as pessoas a tossir, a espirrar ou a fungar – isto porque a Covid-19 está em todo o lado.

Segundo a publicação ‘Huffpost’, que citou dados das águas residuais do CDC (Centros de Controlo de Doenças), dos Estados Unidos, dezenas de estados americanos têm níveis “muito elevados” ou “altos” do vírus neste momento, o que levanta a questão: o que significará para a próxima época de vírus respiratórios, altura em que doenças como a Covid-19 geralmente aumentam?

Três especialistas deram a sua opinião sobre como poderão ser os próximos meses – todos destacaram ser impossível dizer definitivamente o que vai acontecer nos próximos meses, mas arriscaram as suas melhores previsões.

As infeções podem começar a abrandar durante o início do outono

Scott Roberts, especialista em doenças infecciosas de Medicina de Yale e diretor médico associado na prevenção de infeções na Yale New Haven Health, em Connecticut, referiu a sua expectativa que os casos da Covid-19 diminuam no início do outono durante um período de tempo.

“Com este aumento atípico de julho a agosto [nos Estados Unidos], prevejo que passaríamos por um padrão de queda de casos que se estenderiam pelo menos nos próximos meses”, referiu. “Portanto, provavelmente preveria que teríamos um final relativamente decente de setembro, período de outubro, apenas com base no padrão natural que vimos com estas ondas.”

“Ainda há uma ‘tonelada’ da Covid-19 a acontecer agora. Em alguns locais, pode estar apenas a começar a abrandar, possivelmente a entrar num período de declínio, mas, na verdade, há muito infeção a acontecer agora”, relatou Jennifer Nuzzo, professora de epidemiologia e diretora do Centro Pandémico da Escola de Saúde Pública da Universidade de Brown, em Rhode Island.

De acordo com o CDC, a taxa de testes positivos diminuiu ligeiramente a partir do final de agosto. No entanto, Roberts não espera que estes números de casos mais baixos previstos persistam a longo prazo. Os casos da Covid-19 provavelmente voltarão a aumentar à medida que chegamos mais tarde no outono e no inverno.

“Prevejo que veremos um maior número de casos da Covid-19 a partir do outono e dos meses de inverno”, referiu Matthew Binnicker, diretor de virologia clínica da Mayo Clinic em Rochester, Minnesota. “Nos meses de outono e de inverno veem-se normalmente uma maior taxa de vírus respiratórios como a Covid-19 e gripe, uma vez que os vírus parecem ser capazes de sobreviver ou persistir nas temperaturas mais frias – e quanto mais baixa forem as taxas de humidade, mais estas permitem que se espalhe o vírus.”

Binnicker espera que as taxas sejam ainda mais elevadas do que as que vimos durante o aumento do verão, especialmente durante novembro, dezembro e janeiro.

Roberts disse que também espera ver uma onda de inverno, mas acha que será inferior ao inverno anterior. “Toda a gente que está a ser infetada agora, penso que as probabilidades de se infetarem durante o inverno são muito menores porque estão a ter um impulso de imunidade às atuais variantes circulantes”, indicou o especialista. “Portanto, a menos que haja algum tipo de variante que não esperamos, eu preveria que esta onda de inverno em dezembro, janeiro, fevereiro, seria inferior à dos últimos invernos. Mas ainda espero um aumento.”

Ainda assim, o SARS-CoV-2 é ainda um vírus imprevisível

O vírus responsável pela Covid-19 é imprevisível – sabemos isto desde os últimos quatro anos. Embora seja útil antecipar o que pode fazer nos próximos meses, ninguém sabe realmente.

“Poderia imaginar um cenário em que temos um pouco menos de casos neste outono e inverno, porque muitas pessoas ficaram doentes durante o verão. Mas também não se o que vai acontecer com a forma como o vírus se altera, ou se uma nova variante ou subvariante emerge e que pode mudar as coisas”, frisou Nuzzo.

E não será o único vírus respiratório que vai estar por aí neste outono e no inverno.

A Covid-19 é difícil de prever, não se enquadra no padrão regular do vírus respiratório – um aumento e um pico durante o outono e inverno. “Já errei nas minhas previsões [sobre a Covid-19] antes… mas posso dizer-vos com quase absoluta certeza, vamos ver o RSV [vírus sincicial respiratório] e a gripe a aumentar, uma vez que têm sido bastante inexistentes desde o inverno passado”, apontou Roberts.