Educação: Reclamações disparam mais de 300% no segundo quadrimestre
Numa altura em que toda a comunidade escolar se prepara para um novo ano letivo, uma análise feita pela equipa do ‘Portal da Queixa’ revela quais os problemas que marcam o setor da Educação e que se traduzem, sobretudo, na inquietação de vários pais neste regresso às aulas.
Entre o mês de maio e agosto, o ‘Portal da Queixa’ recebeu um total de 372 reclamações dirigidas ao setor da Educação, verificando-se um aumento de 322,7%, em comparação com o primeiro quadrimestre do ano. De janeiro a abril foram registadas apenas 88 queixas.
Segundo aferiu a análise, do total de reclamações (483) registado ao longo de 2024 – entre janeiro e o dia 4 de setembro -, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação foi o principal alvo das queixas dos encarregados de educação, recolhendo uma fatia de 424 denúncias. O principal problema relatado relaciona-se com a utilização do Portal das Matrículas, que gerou 73,8% das queixas publicadas.
A falta de vagas, com especial enfoque no pré-escolar, é o segundo motivo mais reportado. Uma realidade grave – que espelha a indignação e desespero de vários pais que não conseguiram colocação para os filhos neste ano letivo -, retratada em 15,7% das reclamações.
Com o dedo apontado à tutela, os pais queixam-se também dos atrasos no pagamento de subsídios ou bolsas de mérito, a motivar 3,7% das ocorrências.
Já a plataforma MEGA (Manuais Escolares Gratuitos), que soma este ano 59 reclamações, esteve na mira da insatisfação dos pais e encarregados de educação, sobretudo nos últimos meses. Os principais motivos de reclamação estão relacionados com os atrasos na entrega dos manuais que já foram requisitados, a originar 35,2% das queixas apresentadas.
Segue-se a falta de manuais (referente à falta de stock e entrega incompleta dos livros), motivo reportado em 33,3% das ocorrências. Já a dificuldade para obtenção do voucher (falta ou atraso) motivou 22,2% das denúncias.
Relativamente às marcas que comercializam os materiais escolares, e que se encaixam nas subcategorias Hipermercados; Livrarias, Material de Escritório e Consumíveis; Tecnologia e Eletrónica de Grande Consumo; Impressão e Publicidade, estas também recolhem reclamações no Portal da Queixa. Correspondem a casos de consumidores que se queixam do atraso na demora dos materiais escolares/manuais adquiridos.
“Infelizmente, todos os anos, a marcar o regresso das aulas, constatamos na plataforma o avolumar de relatos de experiências negativas de pais e encarregados de educação, quer relacionadas com as dificuldades na utilização dos canais digitais do estado (portal das matrículas e plataforma MEGA) quer referentes à entrega dos respetivos manuais gratuitos e do material escolar”, Pedro Lourenço, fundador do ‘Portal da Queixa’.
“Na minha opinião, ainda mais preocupante, são os casos onde pais reportam a falta de vagas nas creches, com verdadeiros relatos de desespero e indignação. Antevemos ainda que, este mês de setembro, a tendência de crescimento do volume de reclamações se vá manter, pois já há consumidores a queixar-se da subida de preço do material escolar, motivo que certamente vai ainda gerar muitas queixas na plataforma.”
Apesar de a inflação começar a dar tréguas, os relatos das famílias denunciam a subida de gastos com o material escolar, com uma média estimada em 200 euros por estudante.
“É sempre importante pesquisar antes de comprar, comparar marcas e produtos, acompanhar as experiências públicas de outros consumidores, analisar bem as promoções, para assim o consumidor aproveitar realmente as oportunidades de poupança que podem surgir”, concluiu Sónia Lage Lourenço, CEO do ‘Portal da Queixa’.