Há 40 milhões de litros de vinho em excesso que os produtores querem mandar para queima

O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) enfrenta um desafio significativo com a gestão de um excedente de mais de 40 milhões de litros de vinhos tintos com denominação de origem ou indicação geográfica, candidatas à destilação de crise.

O prazo para a submissão de candidaturas terminou a 16 de agosto, mas a divulgação oficial dos dados ainda não foi feita., revela o ‘Dinheiro Vivo’. O IVV aguarda a validação das informações com a Autoridade Tributária para confirmar a elegibilidade dos produtores, que são impedidos de candidatar excedentes caso tenham importado ou comercializado vinhos do exterior nos últimos três anos. A soma das candidaturas excede o orçamento disponível de 15 milhões de euros para a destilação subsidiada pela União Europeia, o que levanta preocupações sobre um possível rateio.

A incerteza quanto à distribuição dos fundos gerou inquietação no setor vitivinícola, especialmente com a colheita de uvas já em andamento e as adegas saturadas com vinho de anos anteriores. Para aliviar a situação, o IVV permitiu que os produtores iniciem a entrega antecipada dos vinhos destinados à destilação, mesmo antes da aprovação final das candidaturas. Este procedimento está condicionado a um pedido formal ao IVV e será monitorizado pelas Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR). Os vinhos entregues antecipadamente serão compensados a 42 cêntimos por litro em todo o país e a 75 cêntimos no Douro, visando ajudar na gestão do espaço nas adegas.

A Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas (Andovi) considera a medida de entrega antecipada um passo positivo para liberar espaço, revela a mesma fonte, mas alerta sobre os riscos para os produtores, que podem enfrentar um rateio considerável devido à alta procura e ao não cumprimento total das regras.

A situação é particularmente crítica em regiões como o Alentejo, onde se propõe destilar 12 milhões de litros e a entrega antecipada é vista como uma solução para o problema de armazenamento. No Douro, a situação parece um pouco mais controlada com um orçamento de oito milhões de euros destinado à destilação.