“Estão a brincar com o fogo e a pedir problemas”: Rússia deixa aviso aos EUA sobre possível III Guerra Mundial

O ministro dos negócios estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, lançou um alerta aos EUA, no qual afirma que o Ocidente está a “pedir problemas” ao considerar os pedidos da Ucrânia para utilizar armas fornecidas pelo Ocidente em ataques dentro do território russo.

Este aviso surge numa altura em que fervilham discussões crescentes sobre a possibilidade de a Ucrânia usar mísseis de longo alcance, fornecidos por países ocidentais, para atingir alvos em solo russo.

Durante uma conferência de imprensa em Moscovo, na terça-feira, Lavrov expressou a sua preocupação, afirmando que tais conversas são equivalentes a “brincar com fogo”. “Temos ouvido há muito tempo estas especulações sobre permitir o uso não só do Storm Shadow, mas também de mísseis americanos de longo alcance. Aliás, uma fonte anónima em Washington disse que este pedido da Ucrânia está a ser considerado de forma geralmente positiva”, revelou o ministro russo.

Lavrov classificou essa atitude como uma forma de chantagem, argumentando que o Ocidente finge querer evitar uma escalada excessiva do conflito, mas que, na realidade, está a fazer exatamente o contrário. “O Ocidente não quer evitar a escalada. O Ocidente está a pedir por isso. E parece-me que isto já é óbvio para todos”, declarou Lavrov, acrescentando que esta situação é extremamente perigosa, especialmente quando se lida com países que possuem armas nucleares.

Lavrov ainda sublinhou que os Estados Unidos associam inevitavelmente qualquer conversa sobre uma Terceira Guerra Mundial à Europa, sugerindo que, na visão americana, o impacto de um conflito global seria sentido principalmente no continente europeu.

Posição dos EUA e Reações Internacionais

Em resposta às declarações de Lavrov, o porta-voz do Pentágono, Major-General Patrick Ryder, reafirmou que a política dos Estados Unidos em relação ao uso de armas de longo alcance pela Ucrânia permanece inalterada. “Os ucranianos podem usar a assistência de segurança dos EUA para se defenderem de ataques transfronteiriços, ou seja, contrafogo”, explicou Ryder. No entanto, sublinhou que, no que diz respeito a ataques profundos em território russo, a posição americana não mudou. “Não estamos à procura de conflito com a Rússia. Estamos simplesmente a apoiar uma nação democrática que foi invadida há dois anos e meio, capacitando-a a proteger-se”, disse.

Entretanto, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu que a incursão da Ucrânia na região russa de Kursk, iniciada a 6 de agosto, poderia desencadear uma Terceira Guerra Mundial. “Olhem para o que está a acontecer na Ucrânia. Eles estão a avançar para dentro da Rússia. Vamos ter uma Terceira Guerra Mundial”, afirmou Trump durante um evento em Detroit.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reagiu às declarações de Trump, afirmando que muitos países ocidentais “estão já até ao pescoço neste conflito” e que estão “diretamente envolvidos” no mesmo. Peskov acrescentou que incursões como a de Kursk são ações que elevam as tensões ao máximo, justificando as preocupações levantadas por Trump. “Portanto, é possível entender tais declarações alarmistas”, concluiu Peskov.

O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, comentou a incursão em Kursk, afirmando que o objetivo é fortalecer a posição de Kyiv em futuras negociações com a Rússia. Podolyak mencionou que a Ucrânia espera que estas ofensivas “assustem” os russos e piorem a sua opinião sobre o presidente russo, Vladimir Putin. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia declarou que Kyiv não tem interesse em “tomar território” em Kursk, acrescentando que “quanto mais cedo a Rússia concordar em restaurar uma paz justa, mais cedo os ataques ucranianos em território russo cessarão”.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, na terça-feira, que a ofensiva em Kursk faz parte de um plano de vitória que espera apresentar ao Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. Zelensky sublinhou que estas ações são uma resposta direta à contínua agressão russa e um passo necessário para garantir a segurança e soberania da Ucrânia.

O ambiente de tensão entre a Rússia, os EUA e os seus aliados ocidentais continua a intensificar-se, com avisos de uma possível escalada global do conflito a emergirem em ambos os lados. As palavras de Lavrov e as reações subsequentes sublinham o frágil equilíbrio de poder e a crescente incerteza sobre o futuro das relações internacionais nesta crise.

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