Produção de vinho cai face ao ano passado. Alentejo e Lisboa sofrem maiores quebras, indicam previsões

As previsões para a vindima deste ano indicam uma quebra na produção de vinho em várias regiões de Portugal, com particular incidência no Alentejo e em Lisboa. As principais causas apontadas para esta redução são a instabilidade meteorológica e a proliferação de doenças como o míldio da videira.

De acordo com os dados do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), a produção de vinho deverá cair 8% em relação à campanha de 2023/2024, estimando-se um total de 6,9 milhões de hectolitros. Apesar da quebra, o volume de produção mantém-se semelhante à média das últimas cinco campanhas.

Impacto do Clima e Doenças nas Vinhas

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) confirma ao Público as previsões de uma redução de 10% na produção, que deverá atingir cerca de 110 milhões de litros, valor que se mantém dentro da média dos últimos cinco anos. As condições meteorológicas adversas, incluindo temperaturas elevadas e precipitação irregular, favoreceram o aparecimento de míldio e causaram danos como escaldões e desidratação dos cachos.

Francisco Mateus, presidente da CVRA, destaca ao diário que, até 26 de agosto, cerca de 60% dos produtores da região já tinham iniciado a vindima, focando-se em castas brancas e algumas tintas para rosés. Nas próximas semanas, a vindima das castas tintas, que representam 79% da produção no Alentejo, será intensa.

Na região de Lisboa, as previsões também apontam para uma quebra de 15% na produção em comparação com o ano anterior, segundo Francisco Toscano Rico, presidente da Comissão Vitivinícola Regional de Lisboa (CVRL). Apesar da redução, o volume de produção será cerca de 3% superior à média das últimas cinco campanhas. Toscano Rico salientou que a campanha foi severamente afetada pelo clima, especialmente pela precipitação que facilitou o desenvolvimento de míldio, tornando essencial o profissionalismo e a intervenção oportuna dos viticultores.

Situação nas Outras Regiões

Na região dos Vinhos Verdes, Dora Simões, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), destaca ao Pública que o míldio e o black rot tiveram um impacto negativo na produtividade. A vindima está atrasada em relação ao ano passado, mas estima-se que a produção se mantenha próxima dos 90 milhões de litros, com uma qualidade geral das uvas considerada muito boa, se as condições atuais se mantiverem.

Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, também prevê uma quebra de 5% na produção, mas com elevadas expectativas em termos de qualidade, devido a um clima favorável que evitou choques térmicos e permitiu uma maturação equilibrada.

No Douro, onde as previsões apontam para uma redução de 5%, Rui Soares, presidente da Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (ProDouro), indicou que a vindima está atrasada em comparação com 2023 e 2022. No entanto, ressalvou que as condições meteorológicas favoráveis, com boa precipitação e ausência de vagas de calor intenso, resultaram em uvas de excelente qualidade.

Regiões com Perspectiva de Aumento de Produção

Contrariamente à tendência geral, as regiões do Algarve, Beira Interior e Trás-os-Montes deverão aumentar a produção. No Algarve, Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), estima um crescimento de 7%, impulsionado pela entrada em produção de novas vinhas e por um clima favorável, com precipitação na Primavera e rega localizada, que beneficiaram o desenvolvimento das videiras. Apesar de alguns focos de míldio, a doença foi controlada e não teve impacto significativo na produção.

As previsões do IVV, embora mostrem uma quebra geral na produção, apontam para uma campanha que, apesar dos desafios climáticos e fitossanitários, poderá oferecer vinhos de excelente qualidade, especialmente nas regiões que conseguiram minimizar os impactos negativos.

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