Febre Hemorrágica da Crimeia do Congo: Como chegou a Portugal? Quais os sintomas de alerta? E os grupos de risco?

Foi detetado o primeiro caso de Febre Hemorrágica da Crimeia do Congo em Portugal, no dia 14 de agosto, segundo revelou esta sexta-feira a DGS. O caso, registado em Bragança, ocorreu num idoso, com cerca de 80 anos, que acabou por morrer no hospital, adiantou Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) à Executive Digest.

O especialista explica o que significa este primeiro caso da doença em Portugal, como chegou ao nosso País, que sintomas caracterizam a infeção e quais os grupos de risco (de doença grave e de estarem em contacto com a carraça que transmite o vírus)

O que representa este primeiro caso da doença em Portugal. Devemos estar preocupados?

Significa que este virus conseguiu continuar a sua progressão pela bacia do Mediterrâneo e chegar ate Portugal. Tínhamos casos há vários anos em Espanha, nenhum em Portugal e agora conseguiu progredir até aqui. Estes agentes microbiológicos não tem fronteiras, e chegou cá.

Já sabíamos que o agente que transporta, a carraça, as duas carraças que transportam, existem um pouco espalhadas por todo o país, e seria um conjunto de probabilidade de mais cedo ou mais tarde cá chegar.

A verdade é que nó temos já um programa de vigilância de vetores, e fazemos esta vigilância e até agora não tinha sido detetado em nenhum vetor a presença deste vírus.

Com este caso, sabemos que também vai ser aumentada a identificação das carraças para fazer rastreio microbiológico, e podermos perceber se há necessidade de fazermos alguma coisa, ou não.

Devemos estar alerta?

Neste momento, em termos de saúde publica, este caso representa um alerta de que Portugal continua a ser alvo das alterações climáticas, porque este vetor, esta carraça veio aparecendo nos diferentes países um bocadinho mais a norte devido ao aumento das alterações climáticas, que fazem com que o carrapato tenha possibilidade de multiplicar e instalar no nosso país.

É um alerta para estarmos atentos, um alerta para termos cuidado enquanto população, e um sinal de que a vigilância epidemiológica esta a fazer o seu trabalho, e está a ser feita investigação adequada. Neste momento, para já, o risco parece ser baixo, para não dizer nenhum, na zona de Bragança – associado apenas a este caso, obviamente.

Como se manifesta? A que sintomas devemos estar atentos?

Esta doença tem sinais e sintomas muito específicos na maioria do tempo. na maior parte das pessoas passará apenas por uma indisposição, febre, dores de cabeça, musculares, mal-estar geral. Mas, para algumas pessoas pode envolver um agravamento, com hemorragias, e algumas pessoas mais vulneráveis, como provavelmente foi o caso com este senhor, de 80 anos, alterações multiorgânicas que depois fazem que possa levar á morte. Nos casos graves – que são marginais – cerca de 30% dos doentes hospitalizados podem vir a falecer

Em termos de outra sintomatologia, não há grande preocupação, são estes sinais específicos, e que devemos estar atentos. Sempre que temos uma picada de uma carraça, devemos atentar a tudo e também reportar à linha SNS 24, ao médico de família e às autoridades de saúde e outros que necessário, quando desenvolver sintomas.

Quais os grupos de risco?

Em termos de grupos em maior risco de desenvolver doença grave estamos a falar sempre dos mais idosos, pessoas com doenças crónicas, com alterações na capacidade do sistema imunitário, pessoas que estão em maior risco de doença grave. As grávidas, não sendo um grupo de risco em si, o bebé estará sempre em risco maior de ter complicações.

No caso de pessoas em maior risco de vir a apanhar este vírus e contactar com esta carraça, falamos de pessoas que trabalham no campo, com animais, veterinários, quem tem animais a seu cargo e cuida deles, que faz caminhadas em espaços verdes com muita vegetação, ou desportistas.

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