Moscovo acusa EUA de participar na ofensiva terrestre ucraniana e convoca diplomata dos EUA após reportagens

A Rússia anunciou hoje ter convocado uma diplomata dos Estados Unidos em Moscovo, Stephanie Holmes, para protestar contra reportagens de órgãos de comunicação social americanos que entraram “ilegalmente” nas zonas conquistadas por Kiev na região russa de Kursk.

“Foram expressos fortes protestos contra as ações provocatórias de repórteres americanos que entraram ilegalmente na região de Kursk para fazer uma cobertura propagandística dos crimes do regime de Kiev”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo na plataforma digital Telegram.

Moscovo indicou também ter protestado contra uma alegada “participação de PMC (empresas militares privadas) americanas” na ofensiva terrestre ucraniana, o que sugere que mercenários americanos estiveram envolvidos na operação.

As suas ações, afirmou o ministério russo, “provam claramente o envolvimento dos Estados Unidos como participante direto no conflito”.

Moscovo denuncia regularmente a presença de “mercenários” ocidentais a combater nas fileiras de Kiev.

Após meses de recuo perante o avanço das tropas russas no leste do seu território, a Ucrânia levou a luta até ao território do agressor, lançando a 06 de agosto uma ofensiva de uma escala sem precedentes contra a região fronteiriça russa de Kursk.

Agora, Kiev controla ali 92 localidades e 1.250 quilómetros quadrados, precisou na segunda-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Nos últimos dias, vários meios de comunicação norte-americanos, como a estação televisiva CNN e os diários Washington Post e The New York Times, e europeus, como a estação pública italiana RAI, realizaram reportagens nas zonas que passaram a ser controladas pelas tropas ucranianas.

Na sexta-feira, Moscovo já tinha convocado a embaixadora de Itália na Rússia para protestar contra a reportagem efetuada pela RAI em Sudzha, a principal localidade russa conquistada pelas forças de Kiev, a uma dezena de quilómetros a norte da fronteira russo-ucraniana.

Por seu lado, Roma defendeu o trabalho “independente” dos jornalistas no terreno.

Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, correspondentes de guerra russos que apoiam o Kremlin têm realizado, por sua vez, numerosas reportagens nas cidades e territórios ucranianos conquistados por Moscovo.

A Rússia invadiu a Ucrânia com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

Nos últimos dias, as tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguiram o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na região russa de Kursk.

As negociações entre as duas partes estão totalmente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

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