Conta de YouTube do grupo 1143 de Mário Machado acaba suspensa por incitar à violência

A conta de YouTube do Grupo 1143, uma organização de extrema-direita liderada pelo neonazi Mário Machado, foi suspensa pela plataforma devido a apelos à violência. A decisão ocorreu após o contacto do jornal The New York Times, que estava a investigar o impacto da propagação de ódio online na violência no mundo real.

Segundo o The New York Times, o YouTube foi abordado para um artigo sobre como o discurso de ódio nas redes sociais pode incitar comportamentos violentos fora da internet. Em resposta às preocupações levantadas pelo jornal norte-americano, a plataforma decidiu suspender a conta do Grupo 1143, justificando que “qualquer conteúdo que promova a violência ou encoraje o ódio com base em atributos como etnia ou estatuto de imigração não é permitido” na rede social.

Mário Machado, líder do grupo, reagiu à suspensão através da sua conta na rede social X (anteriormente Twitter), sob o nome de utilizador “Racismo Contra Europeus”.  Segundo o Jornal de Notícias que, além do YouTube, o jornal norte-americano também contactou representantes das plataformas Meta (Facebook e Instagram), X e TikTok. No entanto, apenas o Telegram respondeu, destacando que “os apelos à violência são explicitamente proibidos” pela aplicação.

Apesar da suspensão no YouTube, as várias contas do Grupo 1143 no Telegram permanecem ativas. O grupo utilizou esta rede social para expandir a sua influência em todo o país, organizando e disseminando propaganda falsa e discurso de ódio racial. De acordo com o JN, o Grupo 1143 fundou mais de 20 grupos regionais em apenas alguns meses, espalhando “notícias” falsas rapidamente, ameaçando imigrantes e alegando estar pronto para formar um exército paramilitar.

Além de insultar pessoas de diferentes etnias, imigrantes e mulheres, e de difundir notícias falsas e incitar à violência, o grupo também promoveu ações de rua. Recentemente, o grupo realizou manifestações em Lisboa e no Porto, que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público por suspeitas de incitamento ao ódio e à violência.

Em fevereiro deste ano, o Grupo 1143 organizou um protesto no Largo do Camões, em Lisboa, onde Mário Machado acusou os “ocupantes do Martim Moniz” de estarem a roubar empregos e habitação aos portugueses. Em abril, o coletivo ultranacionalista manifestou-se no Porto sob o lema “Menos imigração, Mais habitação”.

Além destas atividades, Mário Machado foi condenado a dois anos e dez meses de prisão efetiva em maio, por ter apelado à “prostituição forçada” de mulheres de partidos de Esquerda numa mensagem publicada na rede social X em 2022.

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