Operação Pretoriano: Madureira agradeceu por mensagem ataque durante AG do FC Porto. Villas-Boas chamado a testemunhar contra ‘Macaco’
Fernando Madureira, conhecido como ‘Macaco’, enviou mensagens de agradecimento a associados da claque Super Dragões após o ataque violento ocorrido durante a assembleia geral do Futebol Clube do Porto, em novembro de 2023. Este ato de ‘gratidão’, que o Ministério Público considera uma evidência do planeamento prévio do ataque, levou à acusação formal de Fernando Madureira e a mulher, Sandra Madureira, entre outros envolvidos.
O casal Madureira está entre os doze acusados de um total de 31 crimes, incluindo ofensas à integridade física, coação agravada, atentado à liberdade de imprensa e instigação pública a crime. A acusação do Ministério Público destaca que o ataque foi meticulosamente planeado por Sandra e Fernando Madureira, com o apoio de Fernando Saul, na época oficial de ligação aos adeptos, e outros membros da claque. A finalidade era garantir a aprovação de alterações estatutárias que favorecessem a então direção do FC Porto, assegurando a manutenção de benefícios e regalias.
Entre os acusados, destacam-se Vítor ‘Catão’ e Hugo ‘Polaco’. A acusação afirma que o ataque visava reforçar a posição da direção do clube e proteger interesses relacionados com a gestão dos bilhetes para os jogos de futebol. Mensagens trocadas em grupos do WhatsApp antes da assembleia revelam ameaças de violência contra opositores, com Sandra Madureira advertindo que “quem falhar sofrerá consequências”.
O Ministério Público descreve um cenário de terror durante a assembleia. Sócios, incluindo pessoas idosas com mobilidade reduzida, foram vítimas de agressões físicas severas. Um incidente em particular envolveu um sócio que, ao tentar proteger o filho, foi agredido por Fábio Sousa e Vítor Bruno ‘Aleixo’. Este sócio sofreu fraturas nas costelas e necessitou de 45 dias de recuperação. A esposa da vítima também foi agredida, resultando em uma experiência traumatizante e contínuo tratamento psicológico.
Sandra Madureira, em colaboração com Fernando Saul, também impediu vários adeptos de filmarem o ataque, obrigando-os a apagar gravações.
Fernando Madureira e Hugo ‘Polaco’ não estavam devidamente credenciados para a assembleia, mas exerceram controle sobre as pulseiras de acesso e a presença de participantes. O Ministério Público constatou que muitos dos Super Dragões presentes não eram sócios do FC Porto.
No âmbito da investigação, o caso de agressões a um sócio, envolvendo Tiago Aguiar e António Sá, foi separado da ‘Operação Pretoriano’ por se tratar de um ato isolado. Além disso, Fábio Sousa e José Dias, que só foram constituídos arguidos durante a investigação, não foram detidos na operação inicial da PSP do Porto.
O Ministério Público tem criticado a passividade da liderança do FC Porto durante o incidente, embora não tenham sido encontradas provas suficientes para responsabilizar diretamente qualquer membro da cúpula do clube.
Providência Cautelar e Procedimentos Judiciais
Fernando Saul obteve recentemente uma providência cautelar que lhe assegura uma indemnização de 79 mil euros, que o ex-funcionário do FC Porto alega não ter recebido após a sua saída do clube. André Villas-Boas, que se opõe ao pagamento e à cisão da Porto Comercial, foi convocado como testemunha no processo e, segundo o Correio da Manhã, irá testemunhar contra Fernando Madureira. A cisão da Porto Comercial é uma operação financeira que representa um potencial encaixe de 11 milhões de euros.
Além disso, a procuradora responsável pelo caso solicitou que as testemunhas sejam ouvidas na fase de julgamento na ausência dos arguidos, a fim de garantir depoimentos “espontâneos, autênticos, completos e exaustivos”, semelhante ao que ocorreu durante a fase de inquérito.
O processo contra Fernando Madureira e outros acusados do ataque na assembleia do FC Porto revela uma trama complexa de violência e intimidação que visava consolidar o poder dentro do clube. As próximas fases do julgamento, com a colaboração de testemunhas como André Villas-Boas, serão cruciais para elucidar completamente os acontecimentos e assegurar justiça.