Ideias que mudam o mundo – EON Exchange
Por: Fast company
Sabemos muito pouco sobre a roupa que vestimos. Quando vestimos uma t-shirt, não há forma de sabermos em que campo, de que região, foi cultivado o algodão que a compõe. E depois de a vestirmos, também não há forma de saber para onde vai. Será que vai parar a um aterro sanitário ou a uma fábrica de reciclagem?
A indústria da moda é extremamente prejudicial para o planeta, gerando cerca de 8% de todas as emissões de carbono e entupindo aterros sanitários em todo o mundo. Cada vez mais, os consumidores e os governos querem reduzir o impacto do sector, mas isso pode ser difícil quando a indústria tem uma cadeia de fornecimento global tão extensa. A EON lançou o EON Exchange, um mercado de parceiros de toda a indústria da moda que resolve este problema ajudando a rastrear o ciclo de vida de uma peça de vestuário. E marcas como a Balenciaga, a H&M e a Target já começaram a incorporar a EON nos seus sistemas. É o vencedor do prémio Ideias Que Mudam o Mundo da Fast Company na categoria de beleza e moda.
Natasha Franck lançou a EON em 2017 com a visão de criar um “gémeo digital” de uma peça de vestuário. A ideia era dar às marcas a possibilidade de criarem marcadores digitais para cada um dos seus produtos, de modo a poderem acompanhar o que lhes acontece ao longo do seu ciclo de vida. As marcas podem utilizar um dos vários sistemas de identificação, de códigos QR a chips RFID ou NFC, nos seus produtos. E nos bastidores, a EON cria uma base de dados para cada produto, para ser possível ver para onde vai após o comprarem.
«Fornecemos a camada de infra-estrutura de dados que tem faltado até agora», declara Natasha Franck. «Representamos uma rede de troca de dados entre marcas, revendedores e parceiros de monitorização de materiais.»
À medida que a indústria de revenda explode, esta tecnologia provou ser valiosa para autenticar produtos. A marca de luxo Chloé, por exemplo, utiliza a EON para facilitar aos clientes a revenda de produtos na plataforma francesa Vestiaire Collective. O vendedor pode listar o artigo com apenas alguns cliques, utilizando o seu ID digital (presente desde a colecção de 2023) e, assim que a Vestiaire Collective autentica o artigo Chloé, oferece ao vendedor um preço e efectua o pagamento antes de o produto ser vendido. «A rastreabilidade já é uma questão de negócio», diz Natasha Franck. «Mas, nalguns casos, ter uma identificação digital vai ser obrigatório.»
Até 2030, todos os produtos têxteis vendidos na União Europeia necessitarão de um “Passaporte Digital de Produto”, definido como uma ferramenta de recolha e partilha de dados do produto ao longo do seu ciclo de vida. O objectivo é ajudar as pessoas a compreenderem até que ponto o produto é sustentável e reciclável. A Comissão Europeia seleccionou a EON para ser um parceiro tecnológico à medida que gere esta nova legislação nos próximos 18 meses.
A EON não rastreia os materiais até às suas origens, mas trabalha com parceiros como a Textile Genesis, que fazem esse trabalho. Nos próximos anos, Natasha Franck espera que o seu intercâmbio de dados se torne mais robusto, para ser possível compreender todo o percurso de uma peça. «Ligamos os dados do produto aos dados do material», explica. «Somos o local onde estes dados todos se podem juntar.»