Rússia anuncia “nova fase” em que militares vão ser treinados para usar armas nucleares contra a Ucrânia
Moscovo anunciou recentemente que irá iniciar “uma nova fase” exercícios de treino para as suas tropas com o objetivo de prepará-las para o uso de armas nucleares táticas no campo de batalha ucraniano. A informação foi divulgada pelo Ministério da Defesa russo através de uma declaração publicada no Telegram.
Os exercícios irão envolver mísseis balísticos Iskander-M e diversos tipos de aeronaves. De acordo com o ministério, o treino visa preparar as unidades das Forças Armadas da Federação Russa para a utilização de armas nucleares não-estratégicas. “Durante o exercício, serão abordadas questões relacionadas com a preparação das unidades das forças armadas da Federação Russa para o uso em combate de armas nucleares não estratégicas”, refere o comunicado oficial.
Especificamente, o exercício envolverá as formações de mísseis dos distritos militares do Sul e do Centro, que trabalharão em tarefas de treino para a obtenção de munições especiais para os sistemas de mísseis operacionais-táticos Iskander-M. Estas unidades também treinarão o equipar de veículos lançadores com estas munições e a movimentação secreta para posições designadas, preparando-se para a condução de lançamentos eletrónicos.
Armas Nucleares Táticas vs. Estratégicas
As armas nucleares táticas são projetadas com ogivas menores e têm como objetivo alcançar metas específicas no campo de batalha, em contraste com as bombas estratégicas, que visam destruir cidades inteiras. A crescente ênfase na preparação para o uso de armas nucleares táticas vem num momento de intensa escalada no conflito com a Ucrânia.
O Kremlin tem visto um aumento nas chamadas para o uso de armas nucleares, especialmente em resposta aos avanços ucranianos no campo de batalha. Analistas afirmam que a pressão para utilizar táticas nucleares é uma tentativa de dissuadir o Ocidente e proteger as áreas ocupadas pela Rússia na Ucrânia.
O Conselho de Política Externa e Defesa, um think tank baseado em Moscovo, chegou a sugerir uma “explosão nuclear demonstrativa” como forma de desencorajar o Ocidente de enviar armas à Ucrânia. As áreas ucranianas ocupadas, como Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, caem sob a jurisdição do distrito militar do Sul, enquanto o grupo central é responsável pelas principais manobras ofensivas russas na região leste de Donetsk.
A Rússia tem repetidamente conduzido exercícios nucleares em resposta ao apoio ocidental à Ucrânia. Em maio, o Ministério da Defesa russo divulgou imagens de forças ensaiando ataques transfronteiriços contra a Ucrânia com mísseis Iskander equipados com ogivas nucleares de “uso especial”. Analistas ocidentais têm frequentemente desconsiderado essas ameaças como “chantagem nuclear” em vez de planos reais para ataques.
Recentemente, Vladimir Putin ameaçou reiniciar a produção de armas nucleares de médio alcance como resposta aos planos dos Estados Unidos para o desplante de mísseis na Europa, acrescentando mais tensão ao já volátil cenário geopolítico.