Última prenda de Macron para Putin: França eleva compras europeias de GNL russo aos níveis mais altos desde o início da guerra

A Europa está, mais uma vez, a aumentar a sua dependência do gás russo para cobrir as suas necessidades, deixando para trás os esforços políticos e económicos que têm sido realizados desde que a Rússia atacou a Ucrânia, em fevereiro de 2022, para tentar punir o país invasor.

De acordo com a publicação espanhola ‘El Economista’, a luta contra Moscovo na frente da compra de energia está a ficar em segundo plano e a Europa mostra mais uma vez dois pesos e duas medidas, com uma retórica dura em relação à Rússia, mas, por outro lado, a financiar um país que depende da venda de energia para poder pagar a guerra.

No primeiro semestre de 2024, a França duplicou o volume de GNL que compra à Rússia face a igual período de 2023, atingindo agora 3,2 milhões de toneladas de combustível, 40% do total das importações do Velho Continente.

Se a Europa aumentou ligeiramente as importações de GNL russo (permaneceram estáveis ​​em cerca de 1,5 milhões de toneladas todos os meses desde o início do conflito na Ucrânia), os EUA estão a reduzir rapidamente as exportações para o Velho Continente – as compras europeias de gás russo são agora quase iguais às importadas dos EUA.

O aumento do preço do gás russo no mercado europeu não alterou muito o panorama fundamental que o mercado do gás apresenta neste momento, ou pelo menos é assim que os mercados o estão a descontar: o gás mantém-se estável, em torno dos 33 euros por MW/h, e não sofreu grandes oscilações no seu preço nos últimos meses.

O gás americano procura mercados mais lucrativos do que a Europa: de acordo com dados da empresa de consultoria independente ‘Wideangle Energy’, cada envio para a Ásia representa aproximadamente 5 milhões de dólares a mais em receitas para o vendedor, em comparação com o que receberia se o enviasse para a Europa. Por esta razão, os exportadores não hesitam em optar pelo mercado asiático em detrimento do Velho Continente.

Embora o Governo de Emmanuel Macron tenha sido muito enérgico na sua retórica belicista contra a Rússia nos últimos meses, as necessidades energéticas de França foram uma prioridade no primeiro semestre do ano, o que fez disparar as suas compras de gás russo para 3,2 milhões de toneladas durante os primeiros seis meses de 2024, um número nunca visto e que representa 40% de todas as compras europeias, de acordo com a ‘Bloomberg’.

França não está a violar qualquer regulamentação europeia ao aumentar as suas compras de GNL russo, uma vez que, até à data, não existe proibição de aquisição deste tipo de recurso energético russo. No entanto, especula-se que serão implementadas novas sanções nos próximos meses, o que impediria os países europeus de importar este tipo de gás da Rússia a partir do próximo ano.

Paris, explicam os especialistas, procurou soluções para otimizar as suas compras de energia pelo mundo para tentar reduzir os danos causados pela crise no Mar Vermelho, que obrigou muitas empresas a mudar de rotas marítimas para evitar a região, o que explicaria a deterioração que têm sofrido as importações de GNL do Qatar para a Europa.

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