Cartão e registo biográfico digital do professor, serviços concentrados no Gov.pt . Veja as medidas para a Transição Digital e Modernização Administrativa aprovadas em Conselho de Ministros
O Governo português reuniu-se hoje, na Costa de Caparica, para o primeiro Conselho de Ministros dedicado à Transição Digital e Modernização Administrativa. Esta sessão marca o início de uma série de encontros trimestrais focados na digitalização e simplificação dos serviços públicos, essenciais para desbloquear a quinta tranche do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No final do encontro, o Executivo anunciou uma série de 15 medidas que viram ‘luz verde’, destacando seis em particular.
Entre as medidas aprovadas, destaca-se a criação do cartão e registo biográfico digital do professor. Esta iniciativa permitirá aos docentes aceder a todos os dados relativos à sua situação profissional através de uma plataforma digital, substituindo o atual formato em papel. O cartão digital do professor estará disponível na aplicação móvel gov.pt e incluirá o registo biográfico digital e todos os elementos da caracterização profissional dos docentes.
Segundo o Ministério da Juventude e Modernização, esta medida, que abrangerá mais de 100 mil professores, deverá estar implementada até ao terceiro trimestre de 2025. “O tratamento e consulta de dados em formato papel é um processo complexo e burocrático”, afirma Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização. “Com esta digitalização, simplificamos e agilizamos a gestão da informação dos docentes.”
“Hoje tivemos ocasião de realizar, como foi meu compromisso na campanha eleitoral, um Conselho de Ministros sectorial dirigido à organização transversal de políticas públicas que na área do digital e na área da simplificação e combate à burocracia, atinge todos os ministérios e por arrasto a Administração Pública”, referiu Luís Montenegro, no final da reunião do Governo.
“É uma relação de articulação e coordenação de políticas. É nesta convicção que nesta fase de transição digital, em que muitos dos procedimentos tendem a ser mais simples, corremos alguns riscos: um dos que tenho identificado é a chamada ‘burocracia digital’. Em muitas das áreas se tentou simplificar, acabámos por constituir maiores dificuldades de acesso de cidadãos e organizações aos serviços públicos. Pretendemos ter maiores níveis de inclusão, isto é, que todos os cidadãos tenham a possibilidade de usufruir dos processos digitais e que isso signifique que isso lhe facilite a vida”, continuou.
“Infelizmente, hoje é muito transversal na sociedade portuguesa: da agricultura à educação, temos tido muitas queixas de cidadãos e empresas que perdem demasiado tempo. Em primeiro lugar, queremos facilitar aqueles que têm ferramentas digitais e as sabem e conseguem utilizar, mas também aqueles que não tendo essas ferramentas possam ter um auxílio por parte da Administração Pública e não se manter numa relação antiquada. Os Espaços cidadão, que serão lançados em quantidade, serão oportunidade de muitos cidadãos menos dados a interagir do ponto de vista digital, com idades mais velhas, poderem ter alguém que os introduza no sistema e facilite por essa via a sua relação com a Administração Pública”, apontou o primeiro-ministro.
“É nossa intenção garantir aos cidadãos e empresas tenham uma porta de entrada única com os serviços públicos”, finalizou. “Queremos que seja muito mais eficaz esta relação. Mas também é importante conferir a todas as áreas da Administração o acesso ao histórico da relação de uma pessoa. O registo histórico das interações com a Administração é uma ferramenta fundamental para tornar mais rápido o cumprimento e capacidade de resposta das pretensões dos cidadãos”, concluiu.
“Já antecipo do setor político-partidário críticas sobre medidas já anunciadas, que não traz tanta coisa de novo. Tudo o que foi anunciado e não foi feito, não existe. E se não existe, está a ser feito de novo. Os famosos power-points das medidas do Governo não se esgotam na contemplação do seu conteúdo. Isto são medidas e compromissos concretos. A esses que vão já criticar com essa avaliação mais superficial, quero dizer que estamos muito comprometidos com as decisões que tomámos, de tal forma que uma delas é justamente monitorizar a sua implementação”, finalizou.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Conferência de imprensa do Conselho de Ministros <a href=”https://t.co/sfpPscwvgC”>https://t.co/sfpPscwvgC</a></p>— República Portuguesa (@govpt) <a href=”https://twitter.com/govpt/status/1813193187487588521?ref_src=twsrc%5Etfw”>July 16, 2024</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e da Modernização Administrativa, apresentou depois as principais propostas, sublinhando a importância de tornar os serviços públicos mais acessíveis e eficientes.
Expansão da Rede de Atendimento
A ministra destacou dois grandes objetivos do Governo nesta área:
- Aumento das Lojas de Cidadão: A rede atual será expandida com a criação de 23 novas Lojas de Cidadão, atingindo um total de 95 Lojas a nível nacional.
- Expansão dos Espaços Cidadão: Serão acrescentados 253 novos Espaços Cidadão à rede existente, elevando o número total para 1143 Espaços Cidadão, abrangendo novas localidades que atualmente não dispõem de serviços públicos.
Simplificação e Acesso Integrado
A partir de setembro, cidadãos e empresas terão acesso a um ponto único de entrada em cada canal (presencial, online, aplicação móvel e linha telefónica). “Será possível saber onde iniciar o serviço, mesmo que não se saiba por que entidade este é realizado”, explicou Balseiro Lopes. Um novo portal, gov.pt, será lançado, substituindo os atuais portais existentes, como o das Finanças, integrando todos os serviços do Estado num único site.
Margarida Balseiro Lopes explicou com o exemplo do balcão ‘Perdi a Carteira, que funciona na Loja do Cidadão nas Laranjeiras’, e que permite, nos casos em que se perdem vários documentos, pedir a segunda via num mesmo local. De acordo com a governante, a partir de setembro um serviço semelhante, que concentra várias entidades, passará a estar disponível em todo o País, e também no novo portal gov.pt.
Renovação do Simplex
A ministra anunciou a continuidade do programa Simplex, afirmando que o novo Governo pretende manter um nome já familiar para cidadãos e empresas, sem destruir o que está bem feito. No entanto, sublinhou duas diferenças substanciais: as medidas serão cumpridas até 2025 – com Balseiro Lopes a recusar que o horizonte fosse demasiado ambicioso -, e serão monitorizadas de forma rigorosa.
Principais Propostas Aprovadas
Margarida Balseiro Lopes destacou seis das 15 grandes propostas do Governo aprovadas hoje:
- Serviço Presencial Integrado para Imigrantes: Será criado um serviço nos Espaços Cidadão para que imigrantes possam solicitar todos os números identificadores (NIF, NISS, NNU) de uma só vez.
- Desmaterialização do Boletim de Saúde da Grávida: O Boletim de Saúde da Grávida passará a estar disponível em formato digital.
- Reformulação do Pedido de Subsídio Parental Inicial: O processo será simplificado, com receção proativa da informação do nascimento e registo da criança.
- Serviço Digital “Perdi a Carteira”: A nova aplicação móvel gov.pt permitirá a solicitação de segundas vias de documentos perdidos ou furtados de forma integrada e rápida.
- Eliminação de Pedidos de Documentos Habilitantes na Contratação Pública: Será eliminada a necessidade de apresentar documentos habilitantes em processos de contratação pública.
- Expansão das Lojas e Espaços Cidadão: Além das expansões mencionadas, serão criados 24 Espaços Cidadão móveis em carrinhas elétricas para atender locais sem pontos de atendimento fixos.
Digitalização como Chave para o PRR
No início deste mês, o Governo submeteu à Comissão Europeia o quinto pedido de pagamento do PRR, no valor de 2,9 mil milhões de euros. A libertação desta tranche está condicionada ao cumprimento de 27 marcos e 15 metas, incluindo várias reformas na área da digitalização.
A reunião desta terça-feira também serviu para aprovar diversas medidas de simplificação dos serviços da Administração Central, alinhadas com o objetivo de desburocratizar o relacionamento dos cidadãos e das empresas com a Administração Pública. O Governo prevê realizar Conselhos de Ministros dedicados à transformação digital de forma trimestral.
Atendimento Público e Expansão dos Espaços Cidadão
Uma das prioridades é a expansão da rede de Espaços Cidadão. Até ao segundo semestre de 2026, o Governo pretende aumentar em 250 o número de Espaços Cidadão, atingindo um total de 1.143, e alargar a sua presença a novas localidades que atualmente não dispõem de serviços públicos.
Atualmente, a rede consular conta com Espaços Cidadão em Londres, Paris, Bruxelas e São Paulo. “Pretendemos expandir este serviço para cidades como Berlim, Luxemburgo, Zurique, Genebra, Madrid, Barcelona, Boston, Toronto e Luanda”, revela Margarida Balseiro Lopes.
Também as Lojas do Cidadão vão crescer: “Neste momento, temos 72 Lojas do Cidadão e o nosso compromisso é ter 95 até 2026. Uma das grandes vantagens deste espaço é encontrarmos num sítio uma quantidade de entidades e é fundamental que o serviço prestado ao cidadão é exatamente igual independentemente do balcão ou da entidade que está a prestar o serviço”, aponta a ministra da Juventude e Modernização.
Assinatura de Protocolos
Hoje, foi também assinado o primeiro protocolo de colaboração com a Universidade Nova, marcando o início de uma série de parcerias que visam a modernização administrativa. Além das universidades, o Governo está em contacto com diversas autarquias e unidades de saúde para expandir a rede de serviços de proximidade.
A ministra Margarida Balseiro Lopes sublinha que estas medidas são “determinantes e ambiciosas” e que refletem o compromisso do Governo em assegurar o acesso universal e simplificado aos serviços públicos. “Queremos um atendimento público mais articulado, mais flexível, mais simples e para todas as pessoas”, afirma a ministra.
Com estas iniciativas, o Governo espera não apenas cumprir as exigências do PRR, mas também melhorar significativamente a eficiência e a acessibilidade dos serviços públicos em Portugal, promovendo uma Administração Pública mais moderna e próxima dos cidadãos.