De situações de burnout a trabalho suplementar não remunerado: Sindicatos alertam para condições em que vivem os bancários portugueses
Os seis sindicatos representativos do setor financeiro em Portugal, abrangendo mais de 90 mil bancários ativos e reformados, emitiram uma declaração conjunta destacando as crescentes preocupações com as condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais do setor. Esta iniciativa visa chamar a atenção para os desafios laborais e a necessidade urgente de ações concretas para garantir a dignidade e o bem-estar dos trabalhadores.
O setor financeiro, crucial para a estabilidade econômica e financeira do país, tem sido impactado por diversos fatores económicos e regulatórios que afetam diretamente as condições de trabalho dos bancários. A incerteza económica, políticas de taxas de juro do Banco Central Europeu e mudanças regulatórias têm contribuído para pressões adicionais sobre o desempenho dos bancos e o ambiente de trabalho dos funcionários.
Em 2023, diversos bancos em Portugal reportaram lucros substanciais, demonstrando um crescimento significativo em comparação com o ano anterior. No entanto, os sindicatos alertam que este aumento de rentabilidade não tem sido acompanhado por melhorias proporcionais nas condições laborais dos trabalhadores, que enfrentam cada vez mais exigências, incluindo trabalho suplementar não remunerado e elevada carga de stresse.
Além dos desafios económicos, a transformação digital e a automação estão a reconfigurar rapidamente o ambiente de trabalho bancário, levantando preocupações sobre segurança no emprego e desenvolvimento de carreira. A rápida adoção de tecnologias digitais, embora modernize as operações, também cria incertezas quanto ao futuro das funções tradicionais dos bancários.
Outro ponto crítico abordado pelos sindicatos é a necessidade de respeito à negociação coletiva e a garantia de uma estrutura salarial justa e transparente. A discrepância entre os aumentos salariais oferecidos pelos bancos e a inflação real tem sido motivo de tensão, com os bancários a enfrentarem uma perda significativa do poder de compra ao longo dos últimos anos.
Os sindicatos concluem que é imperativo que os gestores bancários e os decisores políticos se envolvam em discussões construtivas para abordar essas questões de forma justa e eficaz. Assegurar um ambiente de trabalho digno, investir na formação contínua, garantir a segurança no emprego e valorizar adequadamente os trabalhadores são passos essenciais para fortalecer o setor bancário e prepará-lo para os desafios futuros.