Empresas portuguesas gastam mais de 10 horas por semana para tentar recuperar pagamentos em atraso

A maioria das empresas portuguesas está a dar prioridade à eficiência e à liquidez em resposta às incertezas económicas e à instabilidade geopolítica.

De acordo com o estudo EPR2024 – European Payment Report, conduzido pela Intrum, em 2023, 66% das empresas portuguesas implementaram medidas para reduzir custos e melhorar a eficiência. Além disso, 53% das empresas redirecionaram o foco do crescimento para a redução de custos. Para 2024, a tendência continua, com a liquidez a permanecer uma prioridade essencial.

No entanto, o cenário é complexo. A instabilidade geopolítica e os altos custos dos empréstimos estão a criar um ambiente de cautela. Mais da metade das empresas (54%) prevê que as taxas de juros continuarão a subir, influenciando os seus planos de financiamento e despesas. Além disso, 42% das empresas permanecem prudentes em relação às perspetivas de expansão dos negócios.

Apesar dos desafios, 22% das empresas reportaram um crescimento anual das receitas acima das expectativas nos últimos três anos. Para 57% das empresas, o crescimento em 2024 é uma prioridade máxima, com a otimização da saúde financeira a ser vista como um caminho para novas oportunidades estratégicas.

O estudo também destaca que 63% das empresas veem no desenvolvimento de novos modelos de negócio digitais, como serviços online, uma oportunidade viável para os próximos dois a três anos.

Apesar de alguns sinais positivos, a degradação na disciplina de pagamentos continua a ser um problema significativo. 63% das empresas reconhecem que os atrasos nos pagamentos afetam seu fluxo de caixa, impactando a capacidade de pagar fornecedores em tempo útil. Este comportamento cria um ciclo vicioso, onde os fornecedores atrasados enfrentam dificuldades para pagar aos seus próprios fornecedores, aumentando os problemas ao longo da cadeia.

Em 2024, 38% das empresas portuguesas admitiram pagar aos seus fornecedores mais tarde do que aceitariam dos seus próprios clientes, um aumento em comparação com 29% em 2021. Quase metade (43%) das empresas raramente considera o impacto negativo desses atrasos.

Contudo, 60% das empresas identificaram a melhoria das práticas de pagamento como uma prioridade estratégica para 2024, buscando garantir pagamentos pontuais.

O Parlamento Europeu aprovou novos regulamentos que exigem prazos de pagamento de 30 dias, com maiores compensações automáticas para faturas pagas com atraso. Estas medidas visam proteger as PME e incentivar práticas de pagamento mais rigorosas.

Em Portugal, as empresas gastam em média 10,27 horas por semana tentando recuperar pagamentos em atraso, um ligeiro decréscimo em relação às 10,56 horas de 2023. Esta situação representa uma perda significativa de tempo que poderia ser direcionado para atividades principais, crescimento e inovação.

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