Rússia descarta apoio da população do Daguestão ao terrorismo
A presidência russa descartou hoje o regresso de uma “insurreição islamita” à república do Daguestão, depois dos atentados que fizeram 19 mortos no domingo, afirmando que a população está “consolidada face ao terrorismo”.
“A Rússia mudou, a sociedade consolidou-se e essas manifestações terroristas não são apoiadas pela sociedade, nem na Rússia nem no Daguestão”, afirmou o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, quando questionado pelos jornalistas sobre se o Kremlin temia o regresso de uma “insurreição islamista” no país.
A questão, na conferência de imprensa, referia-se aos acontecimentos ocorridos na década de 2000, na sequência da segunda guerra da Chechénia.
Apesar das declarações do porta-voz, o ppresidente russo Vladimir Putin ainda não se pronunciou diretamente sobre aos ataques atribuídos a terroristas no Daguestão.
Dezanove pessoas, incluindo agentes das forças de segurança e vários civis, entre os quais um padre ortodoxo, foram mortas por militantes armados no Daguestão, disse hoje o governador da república russa de maioria muçulmana do Cáucaso.
Sergei Melikov, governador do Daguestão, disse que homens armados abriram fogo no domingo contra duas igrejas ortodoxas, uma sinagoga e uma esquadra da polícia em duas cidades da região do sul da Rússia.
Melikov decretou três dias de luto na região e disse que seis militantes armados foram mortos.
Horas antes, a polícia russa anunciava ter abatido quatro alegados terroristas na cidade de Makhachkala, três dos quais foram identificados como filhos e sobrinho do chefe do principal distrito da zona, Sergokali, que também foi detido.
Entretanto, na cidade de Derbent, a cerca de 110 quilómetros a sul de Makhachkala, onde uma igreja e uma sinagoga também foram atacadas, continuavam os confrontos entre autoridades russas e alegados terroristas.
O chefe de polícia da cidade de Ogni, que se deslocou para apoiar colegas na vizinha Derbent, foi atingido mortalmente, disse o Ministério do Interior da Rússia.
A Presidência russa ameaçou hoje também os Estados Unidos com consequências reagindo a um ataque ucraniano na Crimeia, que Moscovo afirmou ter sido realizado com um míssil norte-americano.
“É óbvio que o envolvimento dos Estados Unidos nos combates, o seu envolvimento direto, que resulta na morte de cidadãos russos, tem de ter consequências”, afirmou hoje o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, apelando aos jornalistas para que perguntem à Europa e aos Estados Unidos “porque é que os governos (ocidentais) estão a matar crianças russas”.
Segundo o Exército russo, cinco mísseis ATACMS foram lançados pelas forças ucranianas, quatro dos quais foram “intercetados”.
De acordo com Moscovo pelo menos cinco pessoas morreram neste ataque.
As missões de voo destes mísseis foram “captadas por especialistas norte-americanos com base em dados dos serviços de informação por satélite dos Estados Unidos”, afirmou o ministério russo em apoio das suas acusações.
Em abril, Washington anunciou o envio de mísseis ATACMS de longo alcance à Ucrânia, que há muito os solicitava para poder atacar mais atrás da linha da frente.