Cerca de 20% dos portugueses tem uma doença mental: ‘epidemia’ preocupa seguradoras
Portugal é o quinto país da União Europeia com maior prevalência de doenças mentais: cerca de 20% da população portuguesa tem uma doença mental e 50% ou já teve ou virá a ter. De acordo com o ‘Jornal de Notícias’ desta terça-feira, o setor dos seguros está preocupado com a ‘epidemia’ mental, sendo que os seguros de saúde cresceram 400 mil novos clientes este ano, num total de 3,7 milhões de utentes. De acordo com o presidente da APS, a subida de 10% ao ano “explica-se pelos problemas no acesso ao Serviço Nacional de Saúde”.
A saúde mental vai custar ao mundo cerca de 6 triliões de dólares em perda de produtividade em 2030, segundo avança o ‘The Geneve Association’, apresentados há dias em Lisboa no Encontro Internacional de Resseguros. Atualmente, já são pagos 15 mil milhões de dólares anuais em indemnizações de seguros de invalidez relacionados com a saúde mental, de acordo com o think tank.
Os novos seguros de saúde são uma das áreas que mais cresce em Portugal. “O ramo tem crescido em torno dos 10% ao ano nos últimos anos, numa tendência que já vinha de trás, mas que se intensificou, sobretudo, a partir de 2018”, refere José Galamba de Oliveira, responsável pela Associação Portuguesa de Seguradores.
A explicação? “As dificuldades de acesso ao SNS”, aponta. “Se antes, a adesão se devia mais ao facto de as pessoas procurarem mais liberdade de escolha, agora é cada vez mais por necessidade efetiva de garantir diagnósticos, tratamentos ou cirurgias atempadamente.” A tendência é cada vez mais evidente, indica, pois “nos inquéritos às empresas, o seguro de saúde é a ‘regalia’ que os trabalhadores mais valorizam”.
Em 2023, o número de portugueses com seguros de saúde fixava-se em 3,3 milhões de pessoas, “mas as estimativas apontam que até ao fim do ano o universo de pessoas com estes produtos chegue aos 3,7 milhões”. A saúde já é, no entanto, o segundo ramo mais importante do setor, a seguir ao automóvel, valendo qualquer coisa como 1,2 mil milhões de euros anuais em prémios.
O Serviço Nacional de Saúde representa mais de 24 mil milhões de euros, enquanto aquilo que os portugueses gastam do seu bolso em saúde, incluindo farmácia, ronda os 7 mil milhões de euros. É, de resto, das percentagens mais altas da União Europeia, o que coloca Portugal entre os países europeus com maior desproteção financeira no acesso à saúde, conclui um estudo do Observatório da Despesa em Saúde.