Agência governamental chinesa coloca anúncios para comprar drones e bloqueadores de sinal: Ocidente suspeita que equipamentos sejam para a Rússia

O anúncio de uma agência governamental chinesa levantou suspeitas de que Pequim pode estar a fornecer tecnologia de dupla utilização a Moscovo: de acordo com a ‘CNN’, no anúncio de concurso, publicado no passado dia 22, na conta oficial WeChat da Associação Provincial de Guangdong para a Promoção do Comércio com a Rússia, era referido que empresas estrangeiras procuravam “equipamento para veículos aéreos não tripulados (UAV)”, incluindo detetores de drones e bloqueadores.

Os compradores queriam “geradores de interferência, detetores de drones ou outras soluções tecnológicas semelhantes, supressores de drones e bloqueadores de banda de comunicação”. O documento de aquisição acabou por sair da conta do WeChat, embora ainda exista na conta de outros órgão governamental da mesma província.

Os bloqueadores de drones emitem sinais nas frequências que os drones utilizam para operar e transmitir informações, sobrecarregando a sua capacidade de comunicação. Recorde-se que a Ucrânia tem feito uma aposta declarada nos drones desde o início da invasão russa e tem acumulado recursos para o desenvolvimento da tecnologia – tem por alvos preferenciais a indústria russa do petróleo e do gás.

Pequim tem sido pressionado pelos Governos ocidentais para garantir que os produtos de dupla utilização com aplicações militares não cheguem à Rússia ou aos campos de batalha na Ucrânia – os Estados Unidos já fizeram acusações públicas de que a China tem apoiado secretamente a guerra de Moscovo com a venda de produtos de dupla utilização – chips semicondutores, equipamento de navegação e peças para jatos de combate.

A China tem negado as acusações, garantindo ser neutra no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, salientando que não fornece armas a nenhum dos lados e que “controla rigorosamente” a exportação destes produtos.

“Pequim apoia diretamente a guerra da Rússia na Ucrânia de várias formas, quer seja através da compra de petróleo para ajudar a alimentar a sua economia, quer seja ajudando-os a reconstituir a base industrial de defesa”, afirma Oriana Skylar Mastro, membro do Instituto Freeman Spogli de Estudos Internacionais da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em declarações à ‘CNN’, revelando-se não estar “particularmente surpreendida” com os Governos locais chineses auxiliarem as empresas russas.

“Pequim está a tentar manter uma linha muito ténue entre aderir ao que os Estados Unidos lhes pedem e, especificamente, ao princípio da sua política externa de não vender armas e equipamento e envolver-se em interferência militar estrangeira”, salienta. “O que eles diriam é que estão a fazer o seu melhor para impedir a venda de material militar à Rússia, mas há sempre coisas que vão passar”, conclui.

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