Twitter: Hashtags úteis ou enganosas?
Recentemente, a hashtag #NeverWarren reacendeu a polémica sobre os tópicos tendência do Twitter e o uso de bots e algoritmos para amplificação de tópicos/hashtags. Tudo aconteceu após um debate entre os candidatos democratas às presidenciais norte-americanas, no qual Elizabeth Warren e Bernie Sanders trocaram palavras pouco amistosas, ignorando ambos o ataque de não-agressão entre candidatos do mesmo partido.
Logo no dia seguinte surgiu a hashtag #NeverWarren que de imediato apareceu no topo dos tópicos tendência do Twitter. No final desse dia, segundo dados avançados por Ben Nimmo, director de investigação da empresa de monitorização de redes sociais Graphika, a hashtag já tinha sido mencionada 80.000 vezes. De acordo com Nimmo, a hashtag terá começado a ser divulgada por apoiantes de Sanders, mas terá ganho força com “pessoas a criticarem a hashtag e a ideia que transmitia, assim como a pedirem unidade”.
Tal como Nimmo salienta, a hashtag foi mais publicada por apoiantes de Warren indignados do que por críticos da senadora. Apesar destes dados, a maior parte das pessoas que terá visto a hashtag terá assumido que se tratava de uma onda de sentimentos anti-Warren na rede social.
Mais uma vez, várias vozes nos EUA questionaram a forma de criação e divulgação de hashtags que dificulta a distinção entre o que é real e falso (fake news) e, igualmente importante, quem divulga o quê. Neste caso específico, quantas publicações foram feitas pelos apoiantes Sanders, quantos tweets dos apoiantes Warren indignados com a hashtag e, por último, quantas publicações de órgãos de comunicação social a relatarem o assunto.
A polémica #NeverWarren volta a centrar a discussão no impacto que as tendências/hashtags do Twitter têm no ciclo de notícias. De salientar que no mesmo dia (quarta-feira), o Twitter garantiu que analisou se os seus bots estavam a ser manipulados para amplificar a hashtag #NeverWarren, mas que não encontrou provas de que fosse esse o caso.
Este é um assunto especialmente sensível nos EUA depois da polémica que rodeou as redes sociais Twitter e Facebook no que respeita aos resultados das eleições presidenciais de 2016, nas quais Donald Trump foi eleito o presidente do país. Recorde-se ainda que no final do ano passado, a rede social Twitter anunciou que ia banir publicidade política na rede a partir de 22 de Novembro 2019 – sensivelmente um ano antes das eleições presidenciais norte-americanas previstas para 3 de Novembro de 2020.
Jack Dorsey, CEO da empresa, justificou a medida dizendo que “o alcance das mensagens políticas deve ser ganho, não comprado. O pagamento de anúncios força mensagens com um poder que traz riscos significativos e pode ser usado para influenciar votos e afectar as vidas de milhões de pessoas.”