“Vamos prejudicar quem nos faz mal. Os dias da Inquisição acabaram”: Israel ‘não perdoa’ Espanha pelo reconhecimento do estado palestiniano

Esta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, numa nota diplomática que proíbe o consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços consulares a palestinianos na Cisjordânia a partir do último sábado, salienta “as declarações antissemitas odiosas e incitantes” de altos funcionários espanhóis, incluindo o segundo vice-presidente, Yolanda Díaz, “que foi vista a cantar ‘do rio ao mar'”

Francisco Laranjeira
Maio 27, 2024
13:10

Israel elevou (ainda mais…) o tom do seu confronto diplomático com uma declaração em que ameaça “prejudicar” qualquer pessoa que o prejudique, lembrando que os judeus já não são forçados a converter-se ao Cristianismo, mas sim a ter um Estado.

Esta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, numa nota diplomática que proíbe o consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços consulares a palestinianos na Cisjordânia a partir do último sábado, salienta “as declarações antissemitas odiosas e incitantes” de altos funcionários espanhóis, incluindo o segundo vice-presidente, Yolanda Díaz, “que foi vista a cantar ‘do rio ao mar'”.

A declaração que acompanha a nota cita o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, deixa claro de que se tratam de medidas “preliminares”, acusando os “líderes” espanhóis de “sério incitamento antissemita contra a existência do Estado de Israel”. “Não toleraremos danos à soberania e segurança de Israel. Quem quer que dê um prémio ao Hamas e tente estabelecer um Estado terrorista palestiniano não estará em contacto com os palestinianos. Estamos em 2024. Os dias da Inquisição acabaram. Hoje nós, judeus, temos um Estado soberano e independente e ninguém nos forçará a mudar a nossa religião ou ameaçará a nossa existência. Iremos prejudicar quem nos prejudicar”, indica o ministério.

Este é o mais recente episódio da maior tensão entre Madrid e Telavive: este sábado, a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, tornou-se o primeiro membro socialista do Governo a descrever “o que está a acontecer em Gaza como um autêntico genocídio”. No dia anterior, o ministro dos Negócio Estrangeiro, José Manuel Albares, evitou usar a mesma expressão, limitando-se a responder que será a Justiça internacional que decidirá. “Há um pedido da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça de Haia para analisar e elucidar exatamente isso”, observou em Bruxelas.

Há uns dias, a diplomacia israelita anunciou o “corte de relações entre a representação espanhola em Israel e os palestinianos”, além de “proibir o consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços aos palestinianos da Cisjordânia” ocupada. O ministério alertou ainda que os laços de Israel com a Irlanda, Noruega e Espanha sofreriam “sérias consequências”.

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