O antigo ministro do Governo do Cazaquistão foi condenado a 24 anos de prisão pela tortura e assassinato da sua mulher, num dos casos de violência doméstica mais notórios da história do país. As imagens de uma câmara de vigilância chocaram os cazaques: nelas pôde ver-se Kuandyk Bishimbayev, de 44 anos, a espancar repetidamente Saltanat Nukenova, de 31 anos, depois de uma discussão num restaurante da família do governante em Astana, capital do Cazaquistão, em novembro de 2023.
O assassinato e os detalhes horríveis do caso geraram protestos nacionais, com milhões de pessoas a assistir às transmissões ao vivo do julgamento no YouTube antes do veredicto de culpa desta semana – o caso chamou a atenção para os elevados níveis de feminicídio no Cazaquistão, onde a ONU estima que cerca de 400 mulheres morrem todos os anos devido à violência doméstica.
Bishimbayev admitiu ter espancado a esposa, mas negou a acusação de homicídio: ex-ministro da Economia, é conhecido por ser próximo do ex-presidente Nursultan Nazarbayev, que governou o Cazaquistão durante três décadas até deixar o cargo no início de 2022. Em 2018, Bishimbayev foi condenado a 10 anos de prisão por corrupção, mas foi libertado um ano depois e perdoado por Nazarbayev.
Após o assassinato de Nukenova, foi lançada uma petição online a apelar às autoridades cazaques para endurecerem as penas para a violência doméstica contra mulheres e crianças que obteve mais de 150 mil assinaturas em poucas semanas. Os familiares de Nukenova têm a certeza de que, sem o clamor público, não teriam conseguido fazer justiça.
Em abril último, o presidente Kassym-Jomart Tokayev concordou em endurecer as penas em casos de violência contra mulheres e crianças – a lei Saltanat, como passou a ser chamada, entrará em vigor a 15 de junho.














