“Um novo contrato geracional, que tem que funcionar na base da transparência e segurança”: António Ramalho dá pistas para resolver a “Generation Trap”
A XXVI Conferência Executive Digest fechou ‘com chave de ouro’ com uma intervenção de António Ramalho, ex-CEO do Novo Banco, sob o tema “O Estado Social Distributivo: Os desafios – From the Generation Gap to the Generation Trap.
O gestor recordou os encontros do Conselho Editorial da Executive Digest e uma discussão que surgiu sobre se “temos de facto ambiente global para todas as transformações que estão a desafiar a sociedade”.
Segundo transmitiu, uma grande barreira existente é passar do que é tradicional, de uma geração, para responder a uma realidade nova, dos com menos idade. “Esquecemo-nos que temos cada vez menos jovens e temos que trabalhar este conceito com alguma serenidade”, indicou.
“O Estado Distributivo que construímos e colocámos ao nosso serviço, é democrático e teve razões de grandeza e sucesso”, explicitou, exemplificando com o “crescimento económico e demográfico, a melhoria das condições de vida, o incremento do ensino e inovação, endividamento reduzido e controlado, a evolução de ideias, costumes e consumo, e a otimização do uso de recursos”, continuou António Ramalho.
Para a continuidade do sucesso deste modelo, implicava o “crescimento demográfico continuado”. “Crescemos, o +problema está na forma como estruturámos o envelhecimento”, considerou.
O Generation Gap tinha “um efeito motivador das estruturas do Estado”, de enquadramento, na estrutura central da família, nas regras de endividamento limitado, tudo no que respeita a formas de mitigação de conflitos no Estado social distributivo.
Assim, caminhamos para a realidade e uma “armadilha geracional”. Enfrentamos desafios como a habitação acessível, o desemprego equitativo, a confiança (ou falta dela) no sistema de pensões, a forma de gestão dos recursos disponíveis e a imigração como realidade inevitável.
E caso não se encontrem as soluções adequadas, há mesmo riscos “impossíveis” que se podem concretizar: a regressão demográfica, o crescimento anémico, o endividamento excessivo e corrente, escassez e esgotamento de recursos, perda de importância dos mecanismos mitigadores, o fim da melhoria das condições de vida.
“Como explicar aos filhos que vão ter um futuro pior do que o nosso? Ninguém está preparado para isso?”, questionou.
“Se osjovens não acreditarem no modelo, vamos ter o problema, não de luta de classe, mas de inexistência de contrato social, em que os mais jovens não aceitam os mais velhos. E um novo contrato geracional, que tem que funcionar na base da transparência e segurança”, terminou.
O palco da Culturgest recebeu a XXVI Conferência Executive Digest, o evento de referência que juntou em palco Presidentes, CEOs e gestores de topo do tecido empresarial nacional para debater o tema “As profundas alterações – e os seus impactos na Economia, Empresa, Sociedade”.
A XXVI Conferência Executive Digest conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, Delta Q, Fidelidade, Jaba Recordati, MC, MEO Empresas, Randstad, Tabaqueira, e ainda com a parceria da Capital MC, Neurónio Criativo e Sapo.