Legionella em Lisboa: especialista explica quem está em risco e a que sintomas se deve tomar atenção

Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, falou à ‘Executive Digest’ sobre os casos detetados em Lisboa da bactéria legionella e alertou para os sintomas a que se deve prestar atenção, caso “viva, trabalhe ou tenha circulado nas áreas” onde foram descobertas as infeções.

Os dois casos em Lisboa de deteção da legionella – Metro da Pontinha e Academia Militar – são motivos de preocupação?

“Em primeiro lugar, é preocupante porque é sinal de que ela está lá e nós não sabemos há quanto tempo estaria nesses locais e a emitir para as populações à volta. Portanto, há aqui necessidade das pessoas que usam esses locais que estejam atentas a alterações respiratórias, que possam ser sinais de desenvolvimento desta doença nos próximos dias.

Por outro lado, não é tão preocupante porque já foi detetada, está a ser tratada e essa fonte de contaminação e disseminação da doença vai deixar de existir. Isso é um ponto positivo. É acima de tudo um alerta para a população que vive, trabalha e circula nessa área para estar atento a alterações respiratórias e ter a certeza de que não voltará a acontecer e que sejam implementadas medidas para que sejam sistemas mais seguros.”

A que sintomas devem as pessoas estar alertas caso tenham tido algum género de contacto nos dois locais?

“A infeções respiratórias superiores, numa primeira fase, que depois pode desenvolver-se para os pulmões, com o desenvolvimento da tosse, febre mais alta, dificuldade respiratória. Esses sintomas serão mais preocupantes.

Para alguns idosos, podem não ser estes sintomas respiratórios, mas as pessoas ficarem mais confusas, pessoas que eram perfeitamente autónomas e orientadas ficarem confusas, mais cansadas e mais debilitadas, podem ser sinais de uma infeção respiratória e ter necessidade de fazer um raios X e terapia antibacteriana.”

Os casos foram descobertos após inspeções das entidades responsáveis. O sistema funciona bem? Com que periocidade são feitas as análises?

“Todas as empresas e entidades que têm sistema que possa ser de risco para o desenvolvimento da legionella têm de ter um plano de análise e controlo para a legionella. Que define a periocidade de análises e de desinfeção dos próprios equipamentos, que podem variar com a quantidade de água que é utilizada, com o volume do próprio sistema e com a utilização.

Para alguns, poderá ser necessário fazer uma inspeção a cada seis meses, para outro poderá ser necessário de três em três meses. Depende do funcionamento do próprio sistema. Já a desinfeção pode ser regular, sim, diria que pelo menos de meio em meio ano deve haver uma desinfeção cuidada. Mas isso depende sempre do risco e da intensidade de utilização daquele equipamento.

Há empresas específicas para desenhar estes planos, para fazerem essa monitorização e análises regulares e existe também o decreto-lei que as define. Diria que em muitos locais isto é feito, mas não se pode dizer que é em todos os sítios. Por vezes, até por desconhecimento destas entidades que não sabem que têm esta obrigatoriedade e este equipamento de risco. Por isso é tão importante que quando se instalam equipamentos deste género seja feito um alerta de que são equipamentos de risco e que é necessário fazer este plano.

Não sendo 100% certo que sejam feitas análises em todos estes equipamentos, acredito que em boa maioria deles sejam feitos e que, de vez em quando, se encontrem estas análises positivas.

O que também mostra que o sistema está a funcionar: foram inspeções, e não associados a casos de doença, pelo que tivemos uma intervenção atempada fruto de um trabalho bem feito pelas autoridades que monitorizam estas estruturas.”

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