“Europa não está preparada para os riscos da Rússia e de Trump”, garante responsável da Airbus

A Europa não está preparada para a guerra com a Rússia ou para o risco de Donald Trump retirar os Estados Unidos da NATO e precisa de aumentar os gastos em defesa, alertou esta segunda-feira o chefe da Airbus. De acordo com Guillaume Faury, líder da maior empresa aeroespacial e de defesa da Europa, este “é um momento decisivo” para a indústria de defesa do continente, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Segundo Faury, as nações europeias confiaram demasiado nos Estados Unidos para a sua segurança e tornaram-se “sucríticas” em áreas-chave da defes, tendo instado a Europa e o Reino Unido “a unirem os seus esforços” e fundirem os programas de caças rivais.

A intervenção de Faury, cuja empresa fabrica equipamento militar que vai desde Eurofighter Typhoons a helicópteros e constrói metade dos jatos comerciais do mundo, surge no meio de ameaças crescentes de Vladimir Putin. “Viemos de tempos de paz”, disse Faury ao jornal britânico ‘The Guardian’. “Não creio que a Europa ainda tenha o nível de preparação necessário para um conflito entre a Europa e a Rússia. Vamos chamar as coisas pelos seus nomes. E parece que a Rússia está a aumentar as suas capacidades de defesa.”

“Já estamos há quase 80 anos após a II Guerra Mundial, com um sistema diferente que foi mais concebido para dissuadir outros de atacar, e não realmente para nos prepararmos para um conflito. Se quisermos estar preparados para níveis potencialmente diferentes de envolvimento e conflito, então precisamos de acelerar”, instou.

“Enquanto a NATO for a NATO e fornecer o nível de proteção que se espera da NATO, essa será uma realidade certa”, disse Faury. “Se começarmos a acreditar que a realidade pode ser diferente… é melhor anteciparmos esta situação. Tivemos os primeiros avisos com o Trump 1. Se o Trump 2 for da mesma natureza ou ainda mais em termos de os EUA esperarem que a Europa cuide de si mesma… é melhor levarmos isso a sério.”

“Se se quer ser soberano; para controlar o seu futuro, o que está a acontecer nas fronteiras da Europa, a Europa precisa de ser muito mais independente; sendo realmente soberana nas suas próprias compras de defesa”, destacou Faury. “Colocámos muita coisa nas mãos dos outros. Somos subcríticos na maioria dos diferentes sistemas na Europa, não colaborámos o suficiente para criar investimento em escala. Compramos principalmente de fora da Europa e principalmente dos EUA.”

“É bastante claro que precisamos de encontrar uma forma de reunir os nossos esforços enquanto europeus para termos uma capacidade muito poderosa por tipo de sistema de armas. Faz sentido não nos unirmos em prol da segurança e da defesa com o nível de insegurança que vemos nas fronteiras da Europa? Não, acho que não há escolha. Este é um momento decisivo quando se trata da Europa como ator de defesa e segurança ou não”, finalizou.

Ler Mais





Comentários
Loading...