Zelensky apresenta projeto de lei para mobilizar meio milhão de soldados

A Ucrânia quer renovar as suas forças de combate, desgastadas por quase dois anos de conflito com a Rússia: as tropas ucranianas estão enfraquecidas, sendo que a maioria teve apenas 10 dias de licença em 2023, e sofrem sinais evidentes de desgaste. Kiev realizou uma mobilização contínua desde o início da invasão de Moscovo, mas Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, reforçou a questão, em dezembro último, quando declarou que o exército pretendia mobilizar até 500 mil pessoas. O comandante-geral das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhnyi, salientou que este número levou em consideração os planos militares e as projeções de possíveis perdas.

O Governo ucraniano já apresentou ao Parlamento um projeto de lei sobre mobilização. “O presidente entende perfeitamente que se não der luz verde à mobilização, em breve não haverá ninguém com quem lutar”, explicou o analista político militar Oleksandr Kovalenko, ao jornal ‘Kiev Independent’.

Entre as medidas propostas está a redução do limite de idade dos recrutas de 27 para 25 anos, assim como a obrigatoriedade do serviço militar básico entre os 18 e 25 anos. Foi também proposto acabar com as exclusões de serviços para pessoas com deficiências menores; o envolvimento dos Governos locais no processo de recrutamento; a legalização dos editais digitais de recrutamento; e restringir a capacidade dos que não se apresentem de realizar transações financeiras.

De acordo com Valeriy Zaluzhnyi, a nova lei é vital para a rotação das tropas fatigadas na linha da frente, bem como para a organização de novas formações para futuras ofensivas. “A mobilização é necessária, porque não temos gente suficiente, o inimigo tem uma grande vantagem sobre nós em número de soldados”, referiu Ihor, comandante de companhia, citado pela agência ‘Reuters’.

O Ministério da Defesa ucraniano indicou que a nova lei define “regras transparentes para o processo de mobilização, bem como a necessária regulamentação dos direitos dos militares e dos suscetíveis ao serviço militar”. No entanto, muitos ucranianos temem que o endurecimento das medidas possa levar a mais abusos por parte dos gabinetes de alistamento locais.

No início, estas instalações, dependentes das Forças Armadas, estavam cheias de recrutas ansiosos por ajudar o seu país a repelir a invasão russa. Dois anos depois, essas imagens ficaram completamente para trás. Agora, a sua reputação está gravemente comprometida devido a múltiplas alegações de corrupção e à utilização de métodos de recrutamento coercivos.

Apesar das reuniões intensas e frequentes entre comissões parlamentares e representantes do exército e do Ministério da Defesa, o projeto foi devolvido ao Governo para revisão a 11 de janeiro devido a preocupações entre legisladores e especialistas sobre os possíveis riscos de violações dos direitos humanos e casos de corrupção associado às disposições do documento. A 31 de janeiro, o Governo de Kiev apresentou uma versão alterada do seu projeto de lei, mais ‘suave’, que isenta do serviço militar pessoas com qualquer tipo de deficiência, que deverá agora ser aprovado a curto prazo.

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