Educação Moral e Religiosa Católica perde 120 mil alunos numa década: disciplina ‘abre-se’ a novas religiões
Entre 2012 e 2022, a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica perdeu 122.574 alunos, segundo indicou esta segunda-feira o jornal ‘Público’: em 2012/13 havia 265 mil inscritos nas escolas públicas do continente, um número que baixou para 143 mil em 2021/22 – também no número de docentes houve uma quebra: de 1.469 para 1.081 numa década.
A erosão da crença católica é apresentada como a principal justificação para esta quebra: segundo os Censos de 2021, 80,2% da população portuguesa declarou-se católica mas há estudos que apontam para um crescimento dos não-crentes ou crentes sem religião. “Esta é uma disciplina facultativa e é, obrigatoriamente, oferecida pelas escolas, de acordo com as opções dos alunos e das suas famílias”, indicou o Ministério da Educação.
No entanto, a disciplina tem-se aberto numa escola de Moreira de Cónegos, onde têm chegado cada vez mais alunos estrangeiros: na Escola Básica 2/3 de Virgínia Moura, nas turmas há estudantes muçulmanos e mórmons, que se inscrevem na disciplina porque “a professora ama todos os estudantes. Tem respeito por todas as religiões e ensina-nos a respeitar de igual forma”, frisou Arya, de 12 anos, que chegou a Portugal vinda do Nepal, ao jornal diário, que é uma das três hindus, uma budista e uma evangélica e católicos na sala de aula.
“Dos estrangeiros, só dois ou três inscritos… a maioria não. Quando os miúdos ouviam ‘católico’, certamente que se afastavam, mas depois a minha colega começou a perceber isso e a convidá-los para vir à aula e, finalmente, alguns mitos começaram a desconstruir-se. Os primeiros começaram a inscrever-se e depois uns vão trazendo os outros. Agora quem não está inscrito é uma minoria”, apontou Mónica Barros.
Para a professora de Moral, “a disciplina é encarada como outra qualquer, sendo diferente”. “As pessoas têm uma visão de que Moral é catequese. E não. Moral não é catequese. Não é fácil abordarmos a vida em diferentes perspectivas, por isso é que um professor de Moral tem de estar bem preparado ao nível de História, de Geografia, até das Ciências. Quando eles perguntam ‘mas a fé diz uma coisa e a ciência diz outra’, parece um caminho inconciliável, mas não, são caminhos que se complementam”, sublinhou.