Ucrânia: Rússia está a revelar os segredos dos mísseis balísticos da Coreia do Norte com o seu uso na guerra

Com o uso de mísseis fabricados pela Coreia do Norte, a Rússia pode estar a revelar (mesmo que sem querer) informação crucial sobre os programas militares de Pyongyang, numa altura em que as ameaças de Kim Jong Un contra o Ocidente sobem de tom.

No início deste ano, a Casa Branca confirmou que as forças de Putin estavam a usar mísseis balísticos na invasão da Ucrânia. “As nossas informações indicam que a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) forneceu recentemente à Rússia lançadores de mísseis balísticos e vários mísseis balísticos”, sustentou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

Já depois, EUA e vários aliados confirmaram que a Rússia usou os mísseis a 30 de dezembro e 2 de janeiro, altura em que a Rússia lançou grandes ofensivas contra a Ucrânia.

Nessa declaração posterior, noticia a Newsweek, os norte-americanos adiantavam “o uso de mísseis balísticos da RPDC pela Rússia na Ucrânia também fornece informações técnicas e militares valiosas” sobre os programas militares e de guerra da Coreia do Norte.

É o que sustenta à mesma revista Fabian Hinz, investigador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, que adianta que a inteligência militar ocidental saberá muito menos sobre os programas de mísseis de Pyongyang (envoltos em mistério) do que quanto a outros países, como o Irão.

Segundo o especialista, mesmo sem acesso aos destroços ou à sua análise, pode-se retirar informações sobre o perfil do voo operacional dos mísseis, alcance, como voam e como funcionam as defesas antiaéreas ocidentais contra estas armas.

E com estes dados, “será possível descobrir como melhorar os sistemas fabricados no Ocidente, como os Patriot, para combater esta ameaça”, explica o investigador.

Caso o seu uso continue na Ucrânia, poder-se-á aferir a qualidade da produção dos mísseis norte-coreanos, a sua precisão em condições de combate. Com acesso a destroços, poderiam ser revelados ainda mais pormenores, como o funcionamento dos sistemas de orientação ou propulsores.

Da mesma forma, também poderia levantar-se o véu sobre a qualidade da tecnologia eletrónica da Coreia do Norte, quais as suas origens e eventuais cadeias de fornecimento, que podem indiciar se Kim Jong Un está a comprar componentes para estes mísseis através de intermediários (que podem estar a violar a lei internacional).

“Ter a oportunidade de observá-los de perto seria realmente muito valioso”, termina o especialista.

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