Ucrânia obrigada a ‘jogar à defesa’ devido à falta de armas: exército constrói barreiras e cava trincheiras para travar avanço russo

O exército ucraniano viu-se obrigado a mudar o ‘chip’: depois da contraofensiva não ter cumprido os objetivos de Kiev, o tempo agora é para colocar fileiras de barricadas de betão branco, e trincheiras: a Ucrânia intensificou a construção de fortificações nos últimos meses, garantiu esta quinta-feira a agência ‘Reuters’, conforme vai transferindo as suas operações militares contra a Rússia para uma base mais defensiva.

As defesas, que apresentam algumas semelhanças com as implementadas no sul e no leste ocupados pela Rússia, visam ajudar a Ucrânia a resistir aos ataques e, ao mesmo tempo, regenerar as suas forças enquanto Moscovo toma a iniciativa do campo de batalha, de acordo com os analistas militares.

O presidente Volodymyr Zelensky anunciou, em novembro último, que a Ucrânia estava “a melhorar significativamente” as fortificações, depois de a contraofensiva lançada em junho não ter conseguido romper rapidamente as linhas russas.

A Rússia tem aumentado a pressão ofensiva em torno de cidades do leste, como Kupiansk, Lyman e Avdiivka, e não precisa mais de conter as suas tropas de reserva por medo de um possível avanço ucraniano, disseram os analistas militares.

Zelensky indicou que as construções defensivas da Ucrânia precisam de ser reforçadas e os trabalhos foram acelerados em torno das três cidades, nas partes orientais da região de Donetsk e nas regiões de Kharkiv, Sumy, Chernihiv, Kiev, Rivne e Volyn.

Essas regiões estendem-se desde o leste da Ucrânia, ao longo da fronteira com a Rússia e a Bielorrússia, até à sua aliada ocidental, a Polónia. Zelensky disse que a região sul de Kherson, uma parte da qual ainda está ocupada, também seria reforçada.

Não há dados públicos disponíveis sobre a intensidade ou escala da construção da fortificação. No entanto, segundo Jack Watling, investigador sénior para guerra terrestre no ‘Royal United Services Institute’, do Reino Unido, fortificações mais fortes desacelerariam as tropas russas e atrairiam menos forças ucranianas para a defesa, libertando-as da frente para que pudessem, por exemplo, receber mais treino.

“Os ucranianos estão agora a mudar para uma postura defensiva porque a sua ofensiva culminou”, garantiu, acrescentando que a Rússia retomou a iniciativa no campo de batalha e foi capaz de escolher onde atacar.

Com o declínio dos stocks de munições de artilharia ucraniana, a taxa de baixas russas diminuiu, tornando mais fácil para Moscovo gerar novas unidades, o que com o tempo poderia permitir-lhes abrir novas linhas de ataque, acrescentou. “Do lado ucraniano, estão a tentar minimizar as suas próprias baixas, mas também regenerar o poder de combate ofensivo”, garantiu o especialista, que defendeu que as fortificações também poderiam ser usadas para defender os flancos da Ucrânia quando esta voltar à ofensiva.

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