Kim Jong Un ameaça lançar ataque nuclear se for provocado: como, quando e com quantas bombas pode a Coreia do Norte retaliar
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, ameaçou que o seu país não hesitaria em lançar um ataque nuclear se um inimigo o provocasse com armas estratégicas: as palavras do ditador da Coreia do Norte são as mais recentes de uma série de declarações e mudanças legislativas que delinearam uma doutrina expansiva, ambígua e potencialmente desestabilizadora, segundo revelaram diversos analistas.
Mas então, como e quando pode a Coreia do Norte poderia utilizar as suas armas nucleares?
A Coreia do Norte diz que se opõe à guerra, que as suas armas nucleares são para autodefesa e que são necessárias para proteção face às políticas “hostis” de Washington, Coreia do Sul e Japão. Num discurso durante uma parada militar em 2022, Kim Jong Un salientou que a sua força nuclear se destinava a prevenir a guerra através da dissuasão e potencialmente realizar ataques contra qualquer pessoa que violasse os “interesses fundamentais” da Coreia do Norte.
Em setembro de 2022, a Coreia do Norte consagrou numa nova lei o direito de utilizar ataques nucleares preventivos para se proteger. Entre os cenários que poderiam desencadear um ataque nuclear estariam a ameaça de um ataque nuclear iminente; se a liderança, o povo ou a existência do país estivessem sob ameaça; ou para ganhar vantagem durante uma guerra.
Segundo a lei, Kim tem “todos os poderes decisivos” sobre armas nucleares, mas se o sistema de comando e controlo for ameaçado, então os mísseis podem ser lançados “automaticamente”.
De acordo com os media locais, a nova lei proíbe a partilha de armas ou tecnologia nuclear com outros países: pretende igualmente reduzir o perigo de uma guerra nuclear, evitando erros de cálculo entre estados com armas nucleares e o uso indevido de armas nucleares.
A Coreia do Norte adotou ainda uma alteração constitucional para consagrar a sua política em matéria de forças nucleares em setembro de 2023, com Kim Jong Un a comprometer-se a acelerar a produção de armas nucleares para dissuadir o que chamou de provocações dos Estados Unidos.
Segundo o ministro da Defesa norte-coreano, Kang Sun Nam, a implantação de porta-aviões, bombardeiros ou submarinos de mísseis dos Estados Unidos na Coreia do Sul poderia atender aos critérios para o uso de armas nucleares.
Em 2017, ano em que a Coreia do Norte lançou o seu primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM) bem-sucedido, o Ministério dos Negócios Estrangeiros local ameaçou um ataque nuclear no “coração dos Estados Unidos” se Washington alguma vez mostrasse o “mais leve sinal de tentativa de remover a nossa liderança suprema”.
Nesse mesmo ano, a Coreia do Norte também ameaçou usar as suas armas nucleares para afundar o Japão no mar. Em 2022, a poderosa irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, emitiu uma declaração no qual indicou que o Norte não hesitaria em usar armas nucleares se fosse atacado pela Coreia do Sul.
A Coreia do Norte não testa uma arma nuclear desde 2017, mas, segundo diversos analistas, muito provavelmente continuou a produzir urânio e plutónio para ogivas.
Um estudo de abril realizado pelo Instituto de Ciência e Segurança Internacional estimou que Pyongyang pode ter entre 31 e 96 armas nucleares, dependendo dos tipos de dispositivos que está a construir.
Kim Jong Un referiu, em 2021, que a Coreia do Norte era capaz de “miniaturizar, tornar mais leves e padronizar as armas nucleares”. Em janeiro de 2023, disse que o país iria “expandir exponencialmente” o seu arsenal nuclear e “produzir em massa” armas nucleares táticas.
Pyongyang criou também mísseis para lançar armas nucleares, incluindo enormes ICBMs de combustível líquido e sólido com alcance para atingir os Estados Unidos, mísseis de curto alcance para lançar ogivas táticas e os seus primeiros mísseis de cruzeiro com armas nucleares.