Ucrânia já deve mais de 114 mil milhões de euros aos credores, revela FMI
Perante a invasão russa à Ucrânia, se por um lado o conflito veio mudar o jogo geopolítico mundial e trazer devastação em todos os setores (especialmente na produção) do país, por outro lado também veio colocar problemas à capacidade da comunidade internacional garantir financiamento suficiente a Kiev.
O Fundo Mundial Internacional (FMI), principal credor das organizações multilaterais do mundo, viu-se forçado, perante este cenário, a pedir aos seus 190 membros um aumento de 50% nas quotas correspondentes. A decisão deverá ser tomada antes de 15 de dezembro, segundo noticia o El Confidencial.
A proposta, que partiu do conselho executivo do FMI, vai agora ser submetida a Conselho de Governadores, que em ocasiões anteriores já chumbou propostas no mesmo sentido. Por exemplo, no caso de Espanha, passará a desembolsar mais 4767 milhões de euros nos próximos quatro anos em direitos especiais de saque (SDR).
O aumento tem a ver também com as necessidades financeiras de muitos países dependentes do FMI, no cenário de aumento da inflação que prejudicou gravemente muitas economias. O último acordo entre Kiev e FMI envolvia o desembolso de 11,6 mil milhões de DSE (14,5 mil milhões de euros), concedidos no programa de ajuda mais amplo.
Segundo o FMI, os vários pacotes de ajuda à Ucrânia já atingiram os 114 mil milhões de euros, ainda que nem todos os valores tenham sido devidamente atribuídos e pagos.
O valor representa 76% do PIB da Ucrânia em 2022, a preços constantes, o que deixa antever uma grave situação de endividamento. Ainda assim, com estes apoios já concedidos, o FMI aponta que o sistema financeiros ucraniano está “estável, líquido e altamente provisionado”.
Entre as ajudas mais significativas estão as da UE: só no ano passado foram concedidos 7,2 mil milhões de euros em empréstimos e apoios, sendo que Bruxelas deverá desembolsar mais 18 mil milões de euros até final deste ano.
Mas há que olhar também a ajudas de Estados-Membros e de outras instituições e organismos da UE: assim, o total desde inicio da guerra em ajudas a Kiev ultrapassa os 77 mil milhões de euros, sem contar com 17 mil milhões para ajuda a refugiados e 21 mil milhões de euros relativos a ajuda militar (entrega de armas).
Com estas ajudas, assinala o FMI, após dois anos de baixa na produção, a economia ucraniana volta a começar a crescer e o seu PIB deverá avançar 4,5% este ano, com um desaceleramento em 2024, para um intervalo entre 3% e 4%, caso se mantenham as previsões de continuidade da guerra na Ucrânia.