Da batalha por Avdiivka ao bombardeamento seletivo: Rússia vai mudar a sua estratégia neste inverno
Os combates na linha da frente na Ucrânia têm-se intensificado na frente oriental, sem que, no entanto, qualquer um dos lados tenha feito progressos significativos, isto enquanto Kiev se prepara para repelir os ataques massivos de Moscovo à sua infraestrutura energética com a chegada do inverno.
Segundo o Estado-Maior General (EMG) das Forças Armadas da Ucrânia, as tropas ucranianas repeliram dez ataques inimigos na zona de Bakhmut este domingo, cidade que caiu sob controlo das forças russas em maio de ano passado, após nove meses de conflito.
De acordo com o relatório militar, a sul de Bakhmut, as tropas ucranianas continuaram as suas opções ofensivas e fortificaram-se nas novas posições alcançadas.
Já as tropas russas concentraram os seus esforços na área de Avdiivka, a 10 quilómetros a norte de Donetsk. “O inimigo utiliza a aviação e não abandona as tentativas de cercar Avdiivka. Os soldados ucranianos mantêm a linha defensiva e infligem perdas significativas ao inimigo”, apontou o EMG ucraniano. As tropas russas, com apoio aéreo, tentaram avançar no setor de Márinka, cidade localizada a 10 quilómetros a oeste de Donetsk e onde, segundo o comando militar ucraniano, foram repelidos 22 ataques russos.
De acordo com os especialistas do think tank ‘Institute for the Study of War’ (ISW), os militares russos têm apostado cada vez mais em ataques frontais de infantaria, provavelmente para compensar a falta de pessoal qualificado e as enormes perdas de blindados. “Parece que o EMG russo vê em grande parte as ofensivas frontais na Ucrânia como uma tática predominante e como uma parte importante da solução para os problemas de paridade militar”, observou o think tank.
A chegada do inverno vai introduzir mudanças no curso da guerra, que se manifestarão primeiro, como temido em Kiev, na massificação dos bombardeamentos contra a infraestrutura energética da Ucrânia. “Penso que os russos estão à espera de uma descida significativa da temperatura, que permaneça abaixo dos 0 graus durante algum tempo. Será então que lançarão os ataques”, alertou o ministro da Energia ucraniano, Herman Galushenko, sublinhando que os ataques às infraestruturas energéticas, que não pararam durante o verão, causam mais danos com temperaturas abaixo de zero.