Ministra da Coesão emociona-se ao recordar “apoio” de António Costa nas “horas mais difíceis”
A ministra da Coesão Territorial emocionou-se esta quarta-feira no Parlamento, durante a discussão, na especialidade, do OE2024. Ana Abrunhosa confessou que nunca sentiu falta de apoio de António Costa e que este a aguentou nas “horas mais difíceis”.
“Eu nunca senti falta de peso político, nunca senti falta de apoio do meu primeiro-ministro, e foi ele que me aguentou nas horas difíceis e foram muitas. Quero agradecer a todos os grupos parlamentares, mas deixem me agradecer ao Grupo Parlamentar do PS, nunca os senti tão próximos”, disse, visivelmente emocionada, a ministra da Coesão Territorial.
Ana Abrunhosa acrescentou, também, que serviu “com muita honra” o país, quando interrompeu o discurso por estar com a voz embargada.
“Foi uma honra prestar contas nesta Assembleia da República a todos os grupos parlamentares”, concluiu.
Durante a discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), hoje, no parlamento, a Iniciativa Liberal questionou a ministra Ana Abrunhosa sobre “a visão do PS”, considerando que o documento em discussão estava “condenado”, após a demissão do primeiro-ministro.
“Eu não estou aqui enquanto representante do PS, eu estou aqui enquanto representante do Governo e enquanto ministra da Coesão Territorial. Se for nessa perspetiva que me quiser ouvir tudo bem. Eu não lhe vou falar da visão do PS, até porque, como sabe, eu sou uma ministra independente”, disse Ana Abrunhosa.
“Não estou aqui sentada como representante do PS, estou sentada enquanto ministra da República, com toda a legitimidade que temos. É assim em democracia, até ao último dia. E, portanto, o que lhe posso dar é a visão da ministra da Coesão Territorial e é a visão do nosso Governo e tenho a maior das dificuldades que aqui estejamos a pôr as coisas nesses termos”, acrescentou.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, na sequência de referências à sua intervenção para desbloquear procedimentos.
Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.
O Presidente convocou para esta quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Ainda no âmbito da investigação aos negócios do lítio e do hidrogénio verde, foram detidos o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus e o consultor e advogado Diogo Lacerda Machado, próximo de Costa.
Foram ainda constituídos como arguidos o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta.
De acordo com a PGR, estarão em causa neste inquérito os crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.