Crescer no país do café

Para o Grupo Nabeiro, a decisão de entrar com as marcas Delta Cafés (café em grão e moídos) e Delta Q (café em cápsulas) no mercado brasileiro representou um verdadeiro desafio, mas, e também, uma enorme oportunidade. É que não só o Brasil se destaca como sendo o maior produtor mundial de café e o segundo maior consumidor (logo após os EUA), onde mais de 90% do consumo é efectuado com café filtrado (café coado, como se designa localmente), como – e ao contrário do mercado português – o consumo de expresso ainda continua a ser bastante pequeno quando comparado com os países europeus, apesar de já estar a demonstrar potencial de crescimento.

«Um conjunto de circunstâncias favoráveis que se articulam, criando oportunidades para que uma marca com o perfil qualitativo da nossa desenvolva o seu potencial de crescimento, ampliando a sua participação. Ou seja, por um lado a dinâmica e o aumento do segmento das cápsulas, que veio alterar uma categoria muito madura e até então pouco inovadora; por outro, o segmento dos cafés especiais (moídos) a apresentar uma melhoria qualitativa e amplitude de oferta. Falamos justamente dos dois segmentos onde a Delta se encontra e posiciona», esclarece Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Nabeiro-Delta Cafés.

Com uma estratégia ancorada nos pilares da qualidade e da inovação, no segmento de café moído, a marca Delta Cafés optou por estar presente no mercado brasileiro com a gama Origens, que aposta em blends com as melhores provieniências, desde a Ásia, América do Sul e Central, passando por África. «O produto, quando degustado, é imediatamente aceite e recebido pelos consumidores brasileiros. O café expresso Delta, de qualidade absolutamente diferenciada no mercado, e sujeito a um processo específico de torra, resulta numa bebida que se distingue positivamente no mercado», sublinha Rui Miguel Nabeiro. Já no segmento emergente das cápsulas, a marca Delta Q assume já a quarta posição, num mercado dominado por gigantes mundiais.

Actualmente, o mercado brasileiro – onde está presente ainda com as marcas Adega Mayor (vinho), Deltea (chá) e, até ao final do ano, Qampo (azeitonas, pickles e tremoços) – representa cerca de 5% do negócio internacional do Grupo, mas a expectativa, segundo o administrador, é que esta percentagem «aumente naturalmente, pela pequena posição que ainda temos neste mercado e pelas inúmeras oportunidades que se nos deparam no processo de crescimento sustentado que ambicionamos».

INOVAÇÃO E PROXIMIDADE

Uma das apostas para acelerar este crescimento passa pela inovação. Com efeito, o Brasil tem sido também terreno fértil para o lançamento das inovações da Delta: só este ano serão lançados três novos blends Delta Q e mais dois novos modelos de máquinas, a Qlip e a Milk Qool; na linha profissional Delta Q Business serão lançadas em breve as novas máquinas Quorum 2 e Mayor Q; e na marca Delta Cafés, os lotes Cuba, Vietname e Índia já foram acrescentados à gama Origem.

«A estratégia passa agora por continuar a crescer, alargando a nossa base de clientes, conquistando progressivamente a preferência dos consumidores, mantendo o ritmo de lançamentos e inovação», sublinha ainda Rui Miguel Nabeiro. «A fortíssima e dinâmica actividade de transformar ideias em produtos tem-nos permitido ampliar as nossas gamas no Brasil com novidades muito bem recebidas, como é o caso de Delta Q Canela, uma especiaria muito apreciada pelos consumidores», reitera.

Num mercado tão grande e fragmentado, a aposta na proximidade tem sido outro dos pilares do desenvolvimento das marcas Delta Q e Delta Cafés, inclusive através da abertura e reforço de pontos de venda físicos. A insígnia Delta Q tem, por exemplo, e desde há seis anos, uma flagship store aberta no Shopping Vitoria, no Estado do Espírito Santo.

Detém ainda a Deltaexpresso, a marca de coffe shops, que conta actualmente com 70 lojas espalhadas por diversos Estados brasileiros assim como nos principais aeroportos do país, tendo reforçado recentemente a sua presença em São Paulo e no Rio de Janeiro. «O segmento de coffee shops no Brasil tem tido um comportamento muito dinâmico nas principais capitais e esta forma de presença representa uma experiência e uma interface dos consumidores com as marcas cada vez mais significativo. No Brasil, o café expresso é consumido sobretudo fora do lar, em cafetarias e restaurantes», frisa Rui Miguel Nabeiro. «Esse perfil sofre algumas modificações actualmente, sobretudo com a penetração de máquinas de cápsulas e outros equipamentos de café expresso domésticos, já que os preços têm descido e há um incremento na oferta, com novos modelos e marcas, tornando-os muito mais acessíveis», ressalva.

EMBAIXADOR LOCAL

Para reforçar ainda mais esta estratégia de proximidade com os consumidores brasileiros e aumentar a sua notoriedade, a marca Delta Q associou-se ao actor Ricardo Pereira, que será a cara da marca em todas as actividades de comunicação realizadas no Brasil, desde materiais de ponto de venda aos eventos.

Além disso, a marca tem vindo a estar presente em eventos de música e entretenimento no Brasil, como é o caso do Rock in Rio – onde já foi Café Oficial – e do Camarote Brahma no Carnaval de São Paulo, onde participa há três anos consecutivos. «A nossa cultura de proximidade, o enfoque nos nossos clientes e consumidores para os servir sempre melhor, assume no maior país da América do Sul um desafio ímpar, que nos deve fazer sempre olhar para o nosso crescimento com ambição, mas simultaneamente com prudência e tranquilidade», frisa o responsável.

CRESCER A DOIS DÍGITOS

Juntando os canais retalho e Horeca, os produtos das marcas Delta Q e Delta Cafés estão já presentes em cerca de 1600 pontos de venda físicos no Brasil, o que compara com cerca de 1200 pontos de venda no ano passado.

No retalho, que representa neste momento cerca de 60% do negócio, a empresa tem vindo a alargar a presença das suas marcas nas lojas Walmart (no sul e nordeste) e Pão de Açúcar, e está «em negociações» para a entrada no canal cash&carry.

«A área promocional, com as máquinas e activação ponto de venda, foram e continuam a ser os pilares onde mais investimos. O desafio de ganhar uma boa distribuição ponderada nas áreas geográficas onde actuamos, num território tão extenso, implica um foco muito grande, sem esquecer o processo de construção de marca, o qual constitui outra área prioritária de actuação», frisa o administrador do Grupo Nabeiro-Delta Cafés. Ainda no que diz respeito aos canais de vendas, a plataforma de e-commerce da marca Delta Q (mydeltaq.com) representa já 10% das vendas totais da empresa.

O business plan do Grupo Nabeiro aponta para «crescimentos
a ritmos importantes, sempre a dois dígitos» no mercado brasileiro – onde tem uma equipa de cerca de 40 colaboradores, concentrados em São Paulo e Vitória, mas deverá reforçar em breve –, com um enfoque na consolidação do portefólio actual de marcas. Isto apesar do contexto desafiante que o mercado apresenta.

«Naturalmente que o Brasil apresentará também novos contornos e contextos, resultantes do processo eleitoral que se avizinha e do seu momento macro económico, com reformas que se implementarão e que nos ditarão novas formas de adaptação. No entanto, os pilares da eficiência operacional, da inovação, da sustentabilidade e dos valores e da cultura da empresa continuarão a nortear a nossa actividade», sublinha Rui Miguel Nabeiro. «As oportunidades para quem detém uma posição pequena são inúmeras e a previsão de crescimento do próprio mercado do café é animadora. Tenhamos, pois, a capacidade de entender e servir sempre bem os nossos clientes e consumidores, que, com muito trabalho, o crescimento aparece», conclui o responsável.

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