Qual o maior desafio que o ChatGPT trouxe às organizações?

Por Gustavo Leitão, Director na Create IT

A quarta revolução industrial que actualmente vivemos, caracterizada pela integração de tecnologias digitais avançadas nos processos empresariais, está a transformar a forma de trabalhar, criando ambientes de produção altamente conectados, inteligentes e automatizados. As tendências e inovações sucedem-se cada vez mais rapidamente. Conceitos e tecnologias como conectividade e redes inteligentes, robótica avançada, simulação e realidade virtual/aumentada, Internet-das-coisas (IoT), big data, e inteligência artificial, aparecem e democratizam-se num piscar de olhos.

Assim, são diversos os desafios que se colocam às empresas, desde a integração dos sistemas à evolução tecnológica, da segurança à privacidade, da requalificação das pessoas à transformação cultural e de gestão, para já não falar da dimensão dos investimentos necessários. Contudo, as oportunidades de aumento da produtividade, melhoria da qualidade dos produtos/serviços, ampliação em escala e alcance, e redução de custos e ciclos, compensam largamente o esforço. Pelo menos, assim será com uma visão clara, planos de acção exequíveis, e lideranças comprometidas.

A estes acrescem os enormes desafios do actual mercado de trabalho, como a concorrência cada vez mais globalizada (potenciada pelo teletrabalho), a escassez de determinados perfis, o movimento rápido dos profissionais (entre e intra empresas), o choque entre gerações, a desactualização de competências e o aparecimento de novas funções/profissões, entre outros. Se a capacidade de adaptação é fundamental para que as empresas consigam responder a esta acentuada volatilidade e enfrentem os desafios do futuro, a comunicação interna desempenha um papel vital nesse processo, fornecendo informações oportunas e facilitando a colaboração entre e intra equipas, independentemente das suas geografias, horários, idiomas, competências, funções, responsabilidades, departamentos, etc.

É neste contexto que emerge a comunicação interna como uma força impulsionadora para o sucesso organizacional, chave no alinhamento dos colaboradores com os objectivos estratégicos e na aceleração do processo de transformação digital. O sentido de propósito, o sentimento de pertença, a inspiração, a motivação e a felicidade são apenas alcançáveis com uma comunicação interna profissional, sólida e consistente – tanto na relevância do conteúdo, como na adequação dos canais utilizados e no tom das mensagens, como ainda nos mensageiros e timings escolhidos.

Diversos estudos recentes destacam a relação directa entre uma comunicação interna eficiente e as vantagens competitivas para as empresas. Uns sugerem que organizações com uma comunicação interna eficaz apresentam taxas de inovação três vezes melhores que os seus concorrentes. Outros, talvez menos surpreendentes, indiciam que organizações com uma comunicação interna bem estruturada retêm mais talentos e superam mais frequentemente as expectativas de objectivos financeiros.

É por isso de capital importância conseguir fazer chegar às nossas pessoas os conteúdos adequados, nos momentos certos. Ou seja, quando de facto os colaboradores querem recebê-los (mesmo que o possam ainda não saber). E a tecnologia permite-nos que isso seja hoje muito mais fácil: síncrono ou assíncrono, por mensagens push, via pesquisa, ou através de conversação natural – estilo ChatGPT, mas cuja fonte de dados está restrita ao contexto interno das empresas. As nossas pessoas devem não só ser capacitadas para tal (skilling, re-skilling, up-skilling) como inspiradas a fazê-lo proactivamente. E se não tiverem informação e ferramentas internas, procurá-las-ão externamente, com todos os riscos que daí advêm!

Arrisco-me mesmo a afirmar que a “escuridão da informação” deve ser definitivamente combatida se queremos efectivamente ter empresas modernas, capazes de prosperar. A promoção de uma cultura de comunicação aberta, relevante e transparente aumentará decisivamente, entre outros, os níveis de autonomia e de capacidade de decisão de todos os colaboradores. E as pessoas (e empresas) que não acompanharem esta evolução, fácil e rapidamente serão substituídas por outras (ou pela própria tecnologia).

 

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

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