Revelados documentos que detalham repressão da China contra muçulmanos
Documentos do governo chinês, divulgados hoje pelo jornal norte-americano The New York Times, revelam novos detalhes acerca das detenções em massa na região de Xinjiang (no noroeste do país) de pessoas das minorias muçulmanas.
O jornal, de acordo com a agência EFE, refere ter tido acesso a mais de 400 páginas de documentação, através de um membro do executivo chinês descontente com aquela política e que pediu o anonimato.
A documentação inclui discursos do presidente chinês, Xi Jinping, feitos perante funcionários do governo, durante e depois de uma visita a Xinjiang em abril de 2014, semanas depois de uigures matarem 31 pessoas num ataque a uma estação ferroviária.
De acordo com o jornal, estes discursos lançaram as bases para a repressão subsequente e neles Xi Jinping pediu que não se mostrasse “absolutamente nenhuma compaixão” na resposta àquele ataque.
O governo chinês enfrenta uma crescente pressão diplomática devido às acusações de que mantém detidos cerca de um milhão de uigures em centros de doutrinação política em Xinjiang.
Antigos detidos afirmam que foram forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês, numa reminiscência da Revolução Cultural (1966-1976), lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong.
Predominantemente muçulmanos, os uigures são etnicamente distintos do grupo étnico maioritário do país, os chineses han, que constituem já a maioria da população em Xinjiang, região chinesa que faz fronteira com o Afeganistão e Paquistão.
O governo chinês, que inicialmente negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratar-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade.