Atrair e reter talento para competir: Fernando Silva, CEO da Siemens Portugal
Por Fernando Silva, CEO da Siemens Portugal
Somos já mais de 3.300 e vamos continuar a crescer, com o objectivo de chegar aos 4.000 colaboradores até 2025, ano em que celebraremos os 120 anos em Portugal. A Siemens Portugal é sinónimo de criação de emprego e tem integrado, em média, cerca de 300 novos colaboradores por ano.
Este crescimento tem sido conseguido através da captação e desenvolvimento de centros de competência de engenharia, TI e serviços, que operam para todo o Mundo a partir de Portugal. E muito nos orgulha comunicar novos êxitos, como a recente captação do centro de serviços de vendas digitais de soluções industriais para os mercados da Suécia, Noruega, Polónia e Reino Unido.
Portugal sempre ofereceu condições à captação deste género de organizações, focadas na aplicação da tecnologia e prestação de serviços. A qualidade dos recursos humanos nas áreas da engenharia e TI, a estabilidade social e económica que pautou os últimos anos, o perfil inovador dos principais clientes e parceiros, a aptidão para as línguas e a facilidade para trabalhar em ambientes multiculturais são algumas delas.
As provas dadas ao longo dos anos, com a constituição de equipas talentosas, o alcançar (e superar) dos objectivos definidos e o êxito dos projectos desenvolvidos, também contribuíram fortemente para esta trajectória de crescimento. Fiabilidade e rigor sempre foram argumentos de peso para convencer a nossa casa-mãe das vantagens de investir em Portugal. Mas não podemos descansar sobre os êxitos passados, correndo o risco de sermos ultrapassados por países tão ambiciosos como o nosso.
Os talentos começam a escassear e a competição para os atrair é feroz. É fundamental que o País invista em mecanismos de formação focada e rápida, de requalificação e upskilling, para que as 230 ofertas de emprego que temos disponíveis não fiquem por preencher. As nossas e as das muitas empresas que ambicionam continuar a crescer. Consideramos ainda premente que se abram mais vagas de formação superior nas áreas STEM – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, e que se continue a apostar e a valorizar a formação técnico-profissional. Por último, não podemos hesitar em procurar talento fora do País – sejam portugueses emigrados nos períodos económicos mais difíceis ou profissionais estrangeiros que considerem Portugal atractivo para viver e trabalhar. Na Siemens Portugal temos já colaboradores provenientes de mais de 60 países, e o ambiente multicultural e diverso das nossas equipas tem constituído uma importante mais-valia.
Recrutados que estão os talentos, há que trabalhar na sua retenção, valorizando-os. Recentemente, tem sido intensa a discussão sobre a política salarial das empresas. No nosso caso, temos a certeza do que não queremos para Portugal e a Siemens: que seja uma “low-cost location”. Já o disse noutros fóruns: as empresas têm de pagar salários adequados, da mesma forma que o Governo tem de reduzir a carga fiscal sobre os salários e aumentar a eficiência fiscal, para o colaborador e a empresa, dum conjunto de benefícios que são factores de retenção. Falamos de planos de pensões, seguros de saúde, ou apoios à natalidade.
E tão importante como a remuneração e benefícios, é a partilha do sucesso. No último exercício financeiro entregámos 11 milhões de euros aos colaboradores, sob a forma de participação nos lucros, o mesmo valor que foi entregue ao accionista a título de dividendos. Para que haja investimento, é necessário que as políticas do País sejam claras e duradouras, e que se invista decisivamente na formação, atracção e retenção de talento, através duma forte articulação entre todos aqueles – Governo, empresas, universidades, sindicatos e sociedade em geral – que aspiram ver Portugal na linha da frente da inovação, sustentabilidade e transformação digital.