Há cidades em Portugal onde o euro já não é moeda única
Há cidades em Portugal a adoptar moedas locais: “lixo”, “sustento” e “mor” são alguns dos exemplos. O objectivo? Fomentar boas práticas ambientais, ajudar as comunidades e dinamizar o pequeno comércio. Nos EUA, Reino Unido ou Brasil já há fortes exemplos.
As notas parecem de Monopólio, mas valem dinheiro real. Lançada em 2016, a lixo, assim se chama a moeda da freguesia lisboeta de Campolide, tem tido sucesso e por isso acabou por ser replicada em Barcelona (Espanha) e tem sido apresentada como exemplo em várias conferências internacionais.
“A lixo foi um incentivo financeiro para que as pessoas optassem por boas práticas ambientais. De início, admito, a medida foi olhada um pouco de lado, mas rapidamente teve uma grande adesão, desde a população mais jovem às gerações mais velhas”, descreve André Couto, presidente da Junta de Freguesia de Campolide, em declarações ao JN.
Um quilo de lixo indiferenciado doméstico valia um lixo (um euro). Quanto mais acumulassem, até ao máximo de 10 quilos, mais lixos os moradores recebiam para gastar no comércio tradicional de Campolide.
Na reportagem do JN, segue-se o exemplo da moeda local “Santo António”, criada em 2016, em Lisboa. Destinada a famílias carenciadas, que mensalmente recebiam um plafond.
Um dos exemplos que tem ganho mais adeptos é com o “sustento”, a moeda local lançada pela Plataforma de Ciência Aberto e pelo Gabinete de Ambiente do Município de Figueira de Castelo Rodrigo. No final de Outubro, foi anunciado que os 6200 habitantes desta vila do Distrito da Guarda vão passar a usar a moeda local para promover a separação de resíduos de plásticos e de tecidos, em troca podem ser gastos em espaços comerciais do concelho, desde ginásios e cinemas a lojas.
«Pretende criar um sistema de economia circular», segundo explicou a Autarquia ao JN.
Outra moeda local pode ser encontrada no Alentejo, em Montemor-o-Novo, a “mor”. Pode ser usada em compras realizadas em lojas e produtores locais.
Casos em Portugal não faltam, existem dezenas de moedas locais em várias cidades, muitas emitidas pelas próprias autarquias. Mas a criação das moedas locais tem sido um movimento global. Espanha apresentou a REC (Recurs Económic Ciutadà), exclusivamente digital, pode ser utilizada através de uma aplicação de telemóvel e é exclusiva de Barcelona. No Reino Unido, várias cidades britânicas como Bristol, Exeter, Lewes ou Stroud têm as suas moedas. Há semelhança de casos na região da Escócia. Mas é nos EUA, que se encontra a grande maioria de estados com mais moedas locais. Só na Califórnia existem cerca de 20, avança o JN.