Chamas ‘dividem’ Portugal a meio: conheça as zonas do País onde há maior risco de incêndios

No que diz respeito a incêndios, há dois ‘Portugais’, sendo que a fronteira divide o país praticamente em duas metades iguais. Esta é a leitura do Mapa de Perigosidade Conjuntural para 2023, onde o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas -, que aponta as zonas do país mais suscetíveis de poderem sofrer um grande incêndio.

Veja o mapa em questão aqui.

O mapa de 2023 reflete a previsão feita para esta década (2023-2030) por parte do organismo sobre as áreas de Portugal em maior risco, que pode consultar na imagem em baixo.

Qual a diferença entre os dois mapas? Tem a palavra João Pinho, diretor nacional de Gestão do Programa de Fogos Rurais, que falou em exclusivo à ‘Executive Digest’.

“Há um registo dos últimos 50 anos para elaborar um mapa que pretende ser preditivo, para sabermos onde é mais provável onde venham a acontecer incêndios para que as autoridades possam responder”, explicou o especialista.

“Por exemplo, onde devem ser feitas as ações prioritárias de limpeza de florestas e matas? Vou fazê-lo onde é mais provável existir um incêndio no futuro e onde houver povoamentos mais valiosos, seja por formações florestais raras ou zonas muito utilizadas pelas pessoas. O Mapa de Perigosidade de Incêndio Rural aponta as zonas mais ‘complicadas'”, frisou.

“O mapa pretende ser estruturante, que permite definir um pré-planeamento para investimentos para os próximos 5 ou 15 anos. Mas outra coisa diferente é, antes de cada época de incêndios, a cada ano fazemos uma carta conjuntural – retiramos, em certo grau, as áreas ardidas do ano anterior, introduzimos fatores meteorológicos para elaborar a carta conjuntural”, apontou João Pinho.

“E normalmente até acertamos: o que arde a cada ano cai nas áreas que a carta diz ser mais provável. Para a construção da carta, entramos com 50 anos de histórico (desde 1975) e acrescentamos elementos como declives, estilos de vegetação”, referiu, dando o exemplo da Serra da Estrela, que “já não será prioritária este ano devido ao incêndio do ano passado”.

As autoridades encontram diversas ‘respostas’ nos mapas, revelou o responsável, que deu um exemplo. “A lei prevê que todas as pessoas, sem exceção, têm a ter as zonas limpas antes do ‘período crítico’ dos incêndios. Como entra a carta de perigosidade conjuntural aqui? O país é muito grande e os meios de fiscalização não são ilimitados. Todos os anos, preparamos um mapa para a GNR, por distrito, para saberem quais as freguesias que devem ser priorizadas para serem fiscalizadas se as pessoas estão a fazer a gestão de combustíveis. São selecionadas mil das cerca de 3 mil freguesias do país para que a GNR coloque maior empenho na fiscalização.”

E o que podemos esperar para 2023, há mais zonas em risco do que no ano passado? “O que ardeu nos últimos 4 anos – sem entrar com os fatídicos incêndios de 2017, no qual arderam quase meio milhão de hectares – foi muito pouco. Isto é, o que varia para cada ano é muito pouco na perspectiva nacional. Os sítios que estavam críticos o ano passado mantêm-se em regra este ano. Não houve uma variação estrutural”, referiu João Pinho, salientando que o objetivo do plano “é que não ardam mais de 66 mil hectares por ano”.

Ou seja, “em 2021, 2020 e 2019 ardeu pouco. A seguir a um ano em que arde muito, como foram 2016 e 2017 – que foi um desgraça e catastrófico – há uma certa ‘ressaca’: as próprias áreas ardidas do ano anterior servem como tampão para os incêndios dos anos a seguir”, referiu.

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