Escolas têm dois dias úteis para instalar aplicações para provas de aferição, alertam docentes

Os professores de informática alertaram hoje para as dificuldades de conseguir instalar em tempo útil no computador de todos os alunos a aplicação necessária para a realização das provas de aferição digitais, que começam na terça-feira.

“Dois dias úteis” foi o tempo dado às escolas para pôr em prática o “manual de instruções” para a realização das provas de aferição em formato digital, denunciou hoje a Associação Nacional de Professores de Informática (ANPRI).

A ANPRI diz ser a favor da desmaterialização “mas não desta maneira”, uma vez que na maioria das escolas não existem técnicos informáticos para instalar e testar as aplicações e, por isso, terão de ser os professores a fazê-lo

O manual de instruções, que chegou hoje de manhã às escolas, define que “a realização de provas em formato eletrónico implica, por razões de segurança e equidade entre todos os alunos, a necessidade de instalação de uma aplicação em todos os equipamentos que vão ser utilizados pelos alunos, seja na modalidade ‘online’ ou na modalidade ‘offline’”.

Além disso, o manual diz ser “fundamental” que a decisão entre realizar as provas ‘online’ ou ‘offline’ seja baseada em “testes reais com o número máximo de alunos previsto” e não “numa mera opinião, ainda que informada”.

Os professores de informática garantem que “nunca, durante o ano letivo, nas diversas reuniões e sessões” se falou na necessidade de instalar uma aplicação e, como a maioria das escolas continua sem técnicos de informática, serão eles e “alguns colegas com apetência para o digital” a realizar o trabalho.

Este ano, mais de 250 mil alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade vão realizar as provas em formato digital, o que significa instalar a aplicação em 250 mil equipamentos, “sendo que a maioria dos computadores estão em casa dos respetivos alunos”, lembra a associação.

“Quando é suposto instalar a aplicação? Em que tempo? Os professores foram dispensados das aulas para o fazer? Isto é uma falta de respeito, por favor deixem-nos lecionar as nossas disciplinas”, pede a associação, sublinhando que os docentes não são contra o processo de desmaterialização da avaliação externa.

Para a Associação Nacional de Professores de Informática, “deveria ter sido ponderado o adiamento por um ano letivo” da universalização das provas de aferição em formato digital.

Em entrevista à Lusa, o presidente do IAVE, Luís Pereira dos Santos, defendeu que a transição digital era “uma inevitabilidade” e era preciso aproveitar o plano que permitiu distribuir computadores por todos os alunos e ainda avançar com projetos para dar formação a professores e melhorar a rede de internet nas escolas.

O Plano de Recuperação e Resiliência tem 12 milhões de euros para pôr em marcha o projeto que definiu que em 2025 todas as provas e exames nacionais serão digitais.

As provas de aferição começaram no início do mês, com os alunos do 2.º ano a mostrar as suas competências a Educação Artística e Educação Física, mas só na próxima semana arranca a “época” das provas digitais, com a prova do 8.º ano de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

A 24 de maio os alunos do 8.º ano realizam a “componente de Observação e Comunicação Cientifica da prova de Ciências Naturais e Físico Química” e a 2 de junho os alunos do 5.º ano fazem a prova de Português.

Seguem-se as provas de Ciências Naturais e Físico Química (8.º ano), História e Geografia de Portugal (5.º ano) e Matemática (8.º ano).

A 15 de junho, será a vez dos alunos do 2.º ano realizarem a prova de Português e Estudo do Meio e a 20 de junho Matemática e Estudo do Meio.

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