Randstad Insight: O trapézio da carreira
Por José Miguel Leonardo | Board Advisory da Randstad Portugal
Desde os primórdios que temos necessidade de evoluir. Procuramos sempre mais, seja na vida pessoal ou profissional, sendo esta uma característica inata aos seres humanos. Ora, se procuramos evoluir constantemente, as empresas devem acompanhar esta necessidade. E portanto a questão impõe-se: Como corresponder à constante evolução?
Por evolução, falamos na verdade de progressão de carreira, um tema que, ao meu ver, tem ainda uma visão muito conservadora. Isto porque muitas vezes olhamos para a progressão de carreira como uma escada. Subimos uns degraus, descemos outros, mas olhamos para a evolução como uma linha reta.
Proponho então outra visão, não da minha autoria, mas de uma publicação do Marketoonist, em que partilham a representação visual do trapézio da carreira em forma de cartoon. O trapézio nada mais é que uma metáfora sobre as voltas que uma carreira pode dar ao longo da vida profissional de uma pessoa.
Esta é uma progressão de carreira que pode ser vertical, numa visão mais tradicional, mas também horizontal, com oportunidades de formação e mobilidade interna na empresa. Pode implicar mudar de área ou de setor, ou até reinventar por completo o conceito de carreira a nível pessoal.
A verdade é que cada vez mais os profissionais olham para a carreira com a possibilidade de experimentar e mudar conforme as circunstâncias e expectativas, e a valorização da progressão de carreira é cada vez maior, quando vemos que está no top 5 dos critérios mais importantes na escolha de um empregador, no Randstad Employer Brand Research 2022.
E aqui o leitor pode questionar-se, qual é o papel das empresas perante este cenário? As organizações devem dar espaço ao progresso e desenvolvimento das carreiras dos seus colaboradores, com o risco de perderem pessoas qualificadas se não corresponderem a este cenário. Como exemplo mais prático, a mobilidade interna é muitas vezes uma boa ferramenta para que o profissional possa desenvolver-se em diferentes áreas sem ter necessariamente de abandonar a organização.
Por outro lado, o desenvolvimento de competências é também uma ferramenta crucial para os profissionais que procuram especializar-se na sua área ou formar-se em diferentes áreas e também uma fonte de retenção, já que o estudo da Mckinsey, “Reimagining HR”, do final de 2022, nos mostrou que os líderes estão focados em responder às necessidades gerais de formação, com a aposta de reskilling e upskilling no top 3 das prioridades na gestão de pessoas.
Este trapézio, que se caracteriza por voltas, saltos de coragem e manobras de risco, deve ser acompanhado por organizações que têm no seu centro a preocupação pelo crescimento e felicidade das suas equipas. Isto porque a aposta nas pessoas é o ingrediente secreto para o sucesso das organizações.
Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 205 de Abril de 2023