“Não é embaraço nenhum. As nossas posições são claras”: Governo afasta polémica com Lula da Silva a pôr Portugal entre os culpados pela Guerra na Ucrânia

Gomes Cravinho sublinhou que as posições entre os dois países não são necessariamente “homogêneas”.

Pedro Gonçalves
Abril 17, 2023
11:43

João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, desvalorizou esta segunda-feira as declarações de Lula da Silva, que afirmou que os países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, estavam entre os culpados pela guerra na Ucrânia. O governante negou que as afirmações fossem “um embaraço”.

“Temos uma posição extremamente clara e continuaremos a apoiar a Ucrânia sem qualquer reserva, temos vindo a fazê-lo do ponto de vista político, militar, financeiro, humanitário. Naturalmente que uma politica externa não se faz comentando cismaticamente o que vão dizendo”, começou por dizer Cravinho, recordando que os dois países são soberanos.

“O Brasil desenvolve as suas posições, sabe-se que não são perfeitamente homogéneas com as portuguesas. Isso não obsta minimamente a que haja uma relação muito forte de grande proximidade e uma relação que terá agora, com a visita do Presidente Lula da Silva uma nova oportunidade de intensificação”, considerou o ministro, distinguido as duas questões e afastando a polémica, que levou já alguns partidos, como o Chega ou o Iniciativa liberal a ameaçar com boicotes e protestos, perante o facto do presidente brasileiro ser recebido antes das comemorações solenes do 25 de Abril, na Assembleia da República.

“Não é embaraço nenhum. Como é podíamos estar embaraçados com as posições dos outros? Podíamos estar embaraçados com as nossas próprias posições, se o permitissem, mas as nossas posições são claras”, explicou João Gomes Cravinho, apontando que haverá “oportunidade de ouvir o Presidente Lula em quadro próprio”.

“Não fazemos disto nenhum tipo de drama. A constatação de que a política externa portuguesa e a brasileira não são idênticas é uma constatação que não é uma surpresa”, afirmou o governante, questionado pelos jornalistas.

Sobre os protestos de algumas bancadas parlamentares quanto à visita de Lula da Silva, Gomes Cravinho afirmou que “a política externa portuguesa não se compadece com posições de natureza político-partidária”.

No fim de semana, durante uma visita à China, Lula da Silva apontou dedo aos aliados ocidentais da Ucrânia pela invasão da Rússia. O Presidente brasileiro defendeu que “os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra”, assim como a União Europeia que, segundo Lula da Silva “deve começar a falar de paz”.

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