Boris faz ultimato aos ‘rebeldes’ : “Ou apoiam o meu acordo ou saímos da União Europeia mesmo sem ele”
Depois de o primeiro-ministro britânico ter ameaçado várias vezes que o Reino Unido sairia da União Europeia (UE) a 31 de Outubro, Boris Johnson foi esta sexta-feira mais longe, na véspera da votação do acordo alcançado entre o Governo e a UE. O líder fez um ultimato: «Ou apoiam o meu acordo ou saímos da União Europeia mesmo sem ele».
Este sábado, dia 19, o Parlamento britânico deverá reunir-se, pela primeira vez desde a Guerra das Malvinas em 1982, para votar o acordo que saiu da cimeira europeia. Agora, cabe aos deputados escolherem um Brexit com ou sem acordo.
As contas são simples: para validar o seu acordo na Câmara dos Comuns, Johnson precisa de 320 votos a favor, que só seria possível com os 28 votos da ala conservadora, os 21 votos dos conservadores «rebeldes» – como passaram a ser conhecidos – que o próprio expulsou por terem aprovado a legislação que inviabilizava uma saída sem acordo, contra a vontade do Governo, e, pelo menos, 20 apoiantes trabalhistas.
Os 10 deputados do Partido Unionista Democrático (DUP) disse ontem que «não podia apoiar» o plano do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para o Brexit. «Tal como está, não podemos apoiar o que é sugerido em questões alfandegárias e de consentimento, e há uma falta de clareza sobre o IVA. Continuaremos a trabalhar com o Governo para tentarmos alcançar um acordo sensato que funcione para a Irlanda do Norte e proteja a integridade económica e constitucional do Reino Unido», lê-se na nota, assinada pela líder do DUP, Arlene Foster, e o líder da bancada parlamentar do DUP, Nigel Dodds.
O ministro-sombra das Finanças do Reino Unido, John McDonnell, também veio dizer que votará contra, por considerar que o acordo não protege os direitos ambientais e dos trabalhadores, além de abrirem a possibilidade a futuras barreiras comerciais com a UE.
Por outro lado, um grupo de 19 trabalhistas mostram-se dispostos a votar a favor do acordo, o que poderá facilitar a aprovação do documento.
A divisão entre os trabalhistas e a indecisão do próprio líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, podem indicar um segundo refendo a caminho, escreve o “El Mundo”.