Turquia acusa UE de “proteger terroristas”

A Turquia rejeitou esta segunda-feira as críticas da União Europeia (UE) sobre a ofensiva na Síria contra uma milícia curda ao detetar uma “abordagem que protege os terroristas”.

“O facto de a UE adotar uma abordagem que protege os elementos terroristas é inaceitável”, considerou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, ao acrescentar que “condena e rejeita em bloco” as críticas de Bruxelas.

“Devido a esta atitude ilegal e deformada, vamos seriamente rever a nossa cooperação com a UE em certos domínios”, acrescentou sem mais precisões.

Após uma reunião no Luxemburgo, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da UE adotaram uma declaração que critica a ofensiva de Ancara na Síria, e ainda as prospeções ilegais realizadas por navios turcos ao largo de Chipre.

“A UE condena a ação militar da Turquia que compromete gravemente a estabilidade e segurança do conjunto da região”, indica a declaração dos ministros.

Em simultâneo, a Turquia enviou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU onde justifica a sua operação no nordeste sírio como um “direito à autodefesa” no âmbito da Carta da ONU.

Na missiva, Ancara sustenta que está a contrariar “uma ameaça terrorista iminente e a garantir a segurança das suas fronteiras dos curdos sírios das Unidades de Proteção Popular (YPG).

Na semana passada, a Turquia desencadeou uma incursão militar no nordeste da Síria contra as YPG, que se destacou desde 2014 no combate aos grupos ‘jihadistas’ — com apoio norte-americano, que entretanto abandonou a região — mas considerado “terrorista” por Ancara.

No seu comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco qualificou de “absolutamente inaceitável” que as prospeções realizadas por Ancara ao largo de Chipre sejam consideradas “ilegais” pela UE.

A descoberta de importantes jazidas de hidrocarbonetos ao largo de Chipre, uma ilha dividida desde 1974, aguçou o apetite dos países do Mediterrâneo oriental e suscitou um regresso da tensão.

Chipre está dividida desde a invasão da parte norte da ilha pelo exército turco em 1974, após um fracassado golpe de Estado que pretendia a união da ilha à Grécia.

A República de Chipre, membro da UE desde 2004, apenas exerce a sua autoridade nos dois terços da ilha (na parte sul) onde habitam os cipriotas gregos. A norte permanece a autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), apoiada por Ancara e não reconhecida pelas instâncias internacionais.

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