Empresas portuguesas são as mais pessimistas sobre os efeitos do Brexit
Apesar da atual incerteza em torno do Brexit ser um grande desafio para as empresas europeias, quase metade das empresas acreditam que a saída definitiva do Reino Unido da UE será positiva para os negócios, de acordo com um novo relatório da boutique de consultoria financeira Clearwater International.
O estudo realizado em mais de 2.100 empresas europeias nas principais economias da Europa Ocidental revelou que a ansiedade do Brexit está presente em todo o espaço europeu, com 23,9% de todas as empresas a destacarem-na como estando entre os três principais desafios que a sua atividade enfrenta.
Não surpreendentemente, a ansiedade sobre o Brexit está mais presente no Reino Unido, com 34% das empresas pesquisadas a considerarem que é um dos maiores desafios que enfrentam. Depois do Reino Unido, as preocupações relacionadas com o Brexit são as mais elevadas em três dos seus principais parceiros comerciais europeus: República da Irlanda (27% dizem que é um grande desafio); Alemanha (26,8%); e, Espanha (26%).
Embora as empresas de outros países europeus estejam menos preocupadas com a incerteza do Brexit, a questão é, ainda assim, significativa em: 18,4% das empresas francesas; 19% das portuguesas; 16% das dinamarquesas; e 12% das empresas italianas.
No entanto, embora a antecipação e a preparação para o Brexit sejam uma questão a curto prazo, particularmente porque ainda subsistem dúvidas sobre a data de saída efetiva, 46,5% das empresas europeias do estudo estão muito mais optimistas quanto ao sucesso da sua atividade após o Brexit, incluindo 51% das empresas britânicas.
Rui Miranda, Partner da Clearwater International, Portugal, afirmou: “Parece que as empresas em geral estão bastante confiantes sobre o seu sucesso a longo prazo. Esta pesquisa sugere que têm uma visão pragmática sobre a saída do Reino Unido e estão conscientes de que têm de se adaptar, como fariam com qualquer outro desafio, e procurar novas oportunidades de negócio.
“Mas a curto prazo, antecipar o impacto do Brexit representa um desafio significativo para muitas empresas. Compreensivelmente, a questão está ligada à incerteza em torno do timing, e de se será uma saída sem acordo, o que poderia ser particularmente perturbador para as empresas em Portugal, uma vez que o Reino Unido é o nosso quarto maior parceiro comercial.
“As empresas com que falámos desejam uma clarificação do Brexit, nomeadamente do seu impacto potencial na forma como fazem negócios e sobre as mudanças que precisarão de fazer no futuro.
“Embora os efeitos a médio prazo do Brexit sejam susceptíveis de se desvanecer com o decorrer do tempo, as empresas estão justamente preocupadas com o impacto a curto prazo no seu crescimento, nas exportações e até mesmo nos custos de financiamento.”
Quando questionado sobre o impacto que o Brexit teria a longo prazo no seu negócio, mais de metade (51,2%) das empresas do Reino Unido questionadas disse que teria um impacto “positivo” ou “muito positivo”, em comparação com 29,2% que pensam que seria “negativo” ou “muito negativo”.
Este padrão foi replicado em toda a Europa, com cerca de 62% das PME irlandesas a acreditar que o Brexit será positivo para os seus negócios, em comparação com apenas 29,2% que acreditam que será negativo.
Do mesmo modo, 54,4% das empresas francesas e 58,8% das empresas alemãs no estudo acreditam que o Brexit será, em última análise, positivo para os seus negócios, enquanto 42% das PME italianas e 38% das PME espanholas e dinamarquesas pensam o mesmo.
As empresas portuguesas são, de longe, as mais pessimistas sobre os efeitos a longo prazo do Brexit, com 37% dizendo que terá um efeito “negativo” ou “muito negativo”.
Globalmente, em todos os países inquiridos, 46,5% das empresas pensam que o Brexit será positivo, em comparação com 23,8% que disseram que irá impactar negativamente, enquanto um quarto disse que não espera qualquer impacto.